Sérgio Roberto Parada Arquitetos Associados
mobiliário e arquitetura
[texto fornecido pelos autores do projeto]
Os Postos Comunitários de Segurança do Distrito Federal, conforme exigência do programa de Governo, integram-se harmonicamente à paisagem urbana de Brasília, e não criam uma barreira entre a população e os policiais que neles trabalham. Pelo contrário, o próprio desenho aproxima e facilita essa interação. Foram propostos como construções modulares, produzidos industrialmente, de características únicas e de forte identidade visual, os quais abrigarão as instalações do Policiamento Urbano Integrado do Distrito Federal.
Somam-se neste projeto as características do design do mobiliário urbano e da arquitetura. Podemos dizer então que conceitualmente foram pensados como mobiliário urbano, mas que nele abriga um espaço arquitetônico. É mobiliário porque não tem o caráter definitivo nos locais onde são implantados, pois podem ser relocados quando necessário for, seja por motivos estratégicos do Plano de Segurança do DF, ou até mesmo para melhor se adaptarem ao espaço urbano, e somado a isso, o processo de execução é industrial, resultado do grande número de repetições. É arquitetura porque esse “mobiliário” abriga um espaço habitável, 24 horas, e para tal a qualidade e conforto destes espaços são fundamentais para bem atenderem seus usuários, sejam os policiais como o público que a ele recorrerá.
A partir da concepção dos três elementos construtivos: módulo básico, módulo da torre de observação e módulo de ligação, foram desenvolvidas duas tipologias para atender às necessidades particulares do programa de implantação do contingente de policiais. O número de Postos e a tipologia adotada dependerão da avaliação da Secretaria de Segurança do Governo do Distrito Federal, segundo seu planejamento.
O partido arquitetônico tem como premissa a adoção de um sistema construtivo industrializado. Os módulos deverão ser entregues totalmente montados, acabados e equipados, saindo da fábrica pronto para serem instalados nos locais definidos. Desta forma, a padronização dos módulos e os prazos de execução serão garantidos, com conseqüente redução nos custos de execução em função da produção em escala.
Os módulos são fabricados em estrutura de aço com revestimento externo em fibra de vidro com isolamento termo-acústico em EPS ocupando todo o miolo, e revestimento interno em chapa de aço corrugada. As vedações também são em painéis de fibra de vidro com tratamento termo-acústico em seu interior. O piso é flutuante, em chapa de alumínio corrugada, para fácil manutenção e permitindo total liberdade para as instalações.
Além do tratamento termo-acústico da cobertura e vedações, os módulos possuem aberturas protegidas através de marquises, da irradiação solar direta e das chuvas. A circulação de ar cruzada é garantida tanto pela abertura das portas pivotantes de acesso ao Posto, como pela abertura das esquadrias basculantes superiores que permitem um ambiente confortável e arejado.
A implantação no local determinado é bem simplificada. Os módulos são entregues com os pontos de içamento pré-determinados, podendo ser transportados em caminhões convencionais com guindauto. O trabalho de campo foi reduzido ao posicionamento e fixação dos módulos sobre bases de concreto previamente construídas, soltando o módulo do solo. Este fato facilita as conexões das instalações à rede local, além de provocar a circulação de ar sob o equipamento.
As tipologias compostas por um módulo foram denominadas Postos Comunitários de Segurança Simples. Nas tipologias compostas por dois módulos, denominadas Postos Comunitários de Segurança Compostas, foi executada também a montagem dos módulos de ligação no canteiro de obras.
PCS-1
28,00 m²
Programa Básico
1 – Atendimento ao público;
2 – Sanitário unissex;
3 – Copa;
4 – Armário para depósito de armas, material de limpeza e materiais.
57,00 m²
Programa Básico
1 – Atendimento ao público;
2 – 02 Sanitários (masculino e feminino);
3 – Ducha;
4 – Copa;
5 – Armário para depósito de armas, material de limpeza e materiais.
galeria
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Local: Brasília, DF Data do Projeto: 2007 Área Construída: 250 unidades de 28m² | 50 unidades de 57 m² Proprietário: Governo do Distrito Federal Autor: Sérgio Roberto Parada Co-autores: Rodrigo Biavati e Rodrigo Marar Colaboração: Rafael Moura Estrutura: Lenildo Santos da Silva Instalações: Luiz Eduardo Duarte Rodrigues Pereira Iluminação: Light Design Construtora: MVC – Marcopolo Fotos: Haruo Mikami, Rodrigo Biavati e Erivelto Mussio Contato: contato@sergioparada.com | |
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Caro Sérgio Parada
Considero que, todos nós que lutamos por uma arquitetura de qualidade e pelo respeito profissional, estamos do teu lado na defesa da integridade do Aeroporto Internacional de Brasília. A polêmica sobre a Praça da Soberania foi fundamental, entre outras coisas, para despertar (em todos!) uma série de responsabilidades um tanto adormecidas nos últimos anos. A tua sim é uma luta pelo respeito ao direito autoral. Nesse sentido, conta com meu apoio!
Andrey Rosenthal Schlee, arquiteto e urbanista.
Senhores arquitetos, sou policial militar do distrito federal e gostaria de expressar minha opinião.
Este projeto aqui mostrado nada mais é do que uma fonte de corrupção, uma teta imensa para políticos se esbaldarem às custas do estado, pois, com os mesmos 100 mil reais gastos em cada unidade poderia ser feito uma verdadeira fortaleza que além de cumprir o papel comunitário também protegeria a vida dos policiais.
Este projeto é geralmente instalado em locais cuja iluminação pública é deficiente, logo, ao acender as luzes internas desta coisa, os vidros tornam-se espelhos e absolutamente nada pode pode ser visto de dentro para fora, do contrário, tudo que está lá dentro destaca-se podendo ser visto de longe, inclusive o corpo do policial, que por sinal, é de carne e osso e vulnerável a projeteis. Esta estrutura de lata pode ser facilmente transpassada por disparos de calibres ínfimos, por exemplo .22, os vidros idem, além do problema anteriormente citado.
Com tanta vulnerabilidade, é normal que o policial se estresse e trabalhar durante 24 horas estressado sem ter sequer uma cama para descansar é o fim…
Estas instalações são perfeitas para abrigar o papai noel em épocas natalinas, mas não para prestar um serviço policial de qualidade.
Prezado policial,
Quando nós arquitetos desenvolvemos um projeto, ele está baseado no programa que o proprietário estabelece, e neste caso, a “pm do df” foi quem desenvolveu o programa arquitetônico, e sempre o fato de ter um dormitório neste local foi rejeitado. Este assunto eu inclusive questionei na época.
No trato do posto comunitário de segurança, do objeto em si, muitas opiniões existem, mas lhe posso afirmar que a maioria da comunidade gosta e quer daquele jeito que foi concebido. Mas eu sempre lembro da famosa frase de nosso querido teatrólogo Nelson Rodrigues “a unanimidade é burra”. Na nossa querida Brasília ocorre muito isso, por incrível que possa parecer tem gente que não gosta de trabalhar no palácio Itamaraty, que para mim é uma obra prima da arquitetura brasileira, mas respeita-se o sentimento individual, nunca teremos unanimidade neste assunto.
Este posto comunitário nunca foi tratado como um bunker, uma fortaleza, mas sim um ponto de referência para a comunidade, onde o cidadão sinta-se tranquilo em se aproximar e interagir com os policiais, e vice-versa. Felizmente isso tem ocorrido, e quando desenhamos um mobiliário urbano, o importante a ser observado é a satisfação da comunidade.
Enfim, respeito sua opinião, mas acho que o “Plano de Segurança do DF”, o qual norteou o projeto deste posto foi cumprido, pelo menos no que se refere ao aspecto relacionado ao desenho do “mobiliário urbano”, nos outros aspectos funcionais, administrativos etc, não poderei opinar, afinal não pertenço ao quadro da PM.
Agora, o senhor sendo policial, e estando integrado na policia militar do DF, e não estando satisfeito com seu ambiente de trabalho, acredito que dentro de um sistema democrático poderá se expressar aos seus superiores pois a eles é que cabe a sua crítica, neste caso.
Eu e minha equipe, como autores deste trabalho, estamos felizes em saber que a maioria da população aprova nosso trabalho, e a afirmação que lhe faço sobre este assunto
Está baseado em muitos e-mails que recebemos nos felicitando, e inclusive o interesse que tem sido demonstrado por outras comunidades desse nosso brasil.
Esta obra foi publicada na “mdc”, assim como em outras revistas técnicas, como informação aos arquitetos e designers, no entanto, nem a revista nem eu podemos questionar se o custo está correto ou não, pois, qualquer obra pública passa por um processo de licitação para sua execução, e isso foge de nossa alçada. Agora, existe um tribunal de contas que está atento a isso tudo, acho inclusive que o senhor, como cidadão, poderia fazer uma denúncia lá mesmo, e não para nós.
Estaremos sempre a sua disposição para qualquer outro esclarecimento.
Atenciosamente,
Arquiteto Sergio Parada
existe empresas para realizarem a manutenção nos postos comunitários existentes….
Nobre arquiteto Sergio Parada, eu sou Sargento da PMDF e quero dizer que concordo com o prezado colega, tendo em vista que sua preocupação está voltada mais para o lado urbanístico, sem se preocupar com a segurança também e devido a várias opiniões, acabaram chegando a consenso de ineficiência e ineficácia dos postos de segurança, tanto é que os chamados ¨casa dos tele tubes¨deixarão de existir no novo governo, inclusive tem vários que já estão se despedaçando devido a má qualidade do projeto. e pergunto ao nobre arquiteto, esses projetos não tem garantia? E por que esse projeto custou tão caro? Por que não se fez o mesmo projeto com concreto?
Ah! Quanto a você dizer que a maioria das pessoas estão satisfeita com esse trabalho, não é bem assim inclusive as críticas aqui em Brasília vai de Norte a Sul, Aliás, em uma pesquisa para pós graduação de nível universitário foi constatado que aumentou a criminalidade em todas as cidades pesquisadas e o resultado foi um desastre, inclusive houve retaliação ao pesquisador que era oficial da PMDF e ficou preso por quatro dias devido a essa pesquisa científica.a respeitos desses ineficientes postos de segurança.
Se quiser saber mais, há um curso de formação de policiais na Universidade Católica de Brasília e tem várias opiniões a respeito desses postos de segurança, acho que o próximo governo irá usar as instalações para distribuição de pão e leite.
Caro Benivaldo,
Obrigado por seu interesse em nossa revista. A mdc é uma revista de arquitetura e urbanismo que, dentre outras coisas, publica projetos de arquitetura. As obras de arquitetura compõem nossas cidades e, por isso, possuem evidentemente um caráter público. Nesse sentido, qualquer comentário crítico – positivo ou negativo – de qualquer cidadão é sempre desejável e bem vindo.
Por outro lado, creio que há, talvez uma desinformação dos senhores policiais que aqui comentaram – e isso o Sergio não explicou bem – quanto ao papel que foi desempenhado por ele no processo de concepção e construção dos postos:
1 – O arquiteto foi responsável pelo projeto de arquitetura dos postos.
2 – O arquiteto não foi responsável pelo conceito dos postos. A idéia desse tipo de policiamento comunitário foi desenvolvida pela Secretaria de Segurança Pública.
3 – O arquiteto não foi responsável pela construção dos postos. Para isso, foi feita uma licitação e uma outra empresa foi contratada para realizar a obra. O arquiteto Parada não possui sequer uma construtora.
Como se pode inferir do explicado, embora suas críticas sejam procedentes, acredito que estejam sendo feitas no local errado e para a pessoa errada. O público leitor dessa revista é bastante restrito ao meio profissional da arquitetura. Se há crítica a ser feita quanto ao conceito do equipamento, talvez ela deva também ser dirigida à Secretaria de Segurança Pública, que encomendou o projeto dos postos ao arquiteto sem especificar necessidade de blindagem dos mesmos. Se há dúvidas fundamentadas quanto ao preço dos equipamentos, talvez o melhor seja encaminhar ao Tribunal de Contas ou ao Ministério Público uma denúncia quanto a esta obra específica.
Em todo caso, apreciamos seu interesse pelo projeto e pela nossa revista e pela arquitetura, na expectativa de tê-lo como leitor permanente de nossos artigos.
Cordialmente,
Danilo Matoso Macedo
editor da revista mdc
Caro Danilo Matoso e Sérgio Parada,
Sou Policial do DF e concordo parcialmente com o que foi aqui exposto por todos, compartilho da indignação dos policiais militares que são obrigados a trabalhar dentro deste projeto de arquitetura tão carinhosamente apelidado de Kinder Ovo, acredito que a culpa de todo esse desastre causado com a aplicação dessa politica de segurança pública realmente é do Governo e de seus secretários e não do projetista, porém, não me lembro de ver nenhum arquiteto ou projetista ou secretario de governo arriscando a vida dentro de um posto desses. Ora senhores! enquanto todos fizerem seus trabalhos pensando somente no dinheiro ou no status conseguido com seus trabalhos, nada mudará nesse país.
Deixo a pergunta, caro arquiteto:
Que comunidade gosta desse projeto?
Com o questionamentos que fez à época do projeto, não pensou em recusar o serviço?
A que democracia se refere? Dentro da Polícia Militar, existe militarismo…
Deixo estes comentários, não com indignação, mas com respeito a todos os profissionais envolvidos e enganados pela politica que foi feita. Observemos e questionemos enquanto é tempo. Não somos obrigados a aceitar o que os eleitos ou seus representantes fazem.
Márcio Fernando Nascimento
Cidadão – Policial Militar
Boa tarde a todos.
Sou policial militar,
li todas as indignações dos policiais e as justificativas do arquiteto Sérgio Parada. Imagino que ao projetar o referido posto policial comunitário (pcs) ele estava em um momento inspirado, pois analisando sua obra percebi que realmente ficou muito bonita, e se encaixou muito bem no contexto urbanístico da cidade. (Brasília). Creio caros colegas policiais militares, que o referido arquiteto não tem culpa alguma na colocação ou fabricação do referido posto. Pois como bem disse Danilo Matoso Macedo, editor da revista mdc, o arquiteto não possui uma construtora ele apenas desenhou o projeto.
Não tenho nem um conhecimento em arquitetura, mas gostaria de saber como é a apresentação desses projetos quando expostos ao processo licitatório? É simplesmente um desenho, ou a exposição acompanha todo um processo, onde consta o nome do arquiteto, o projeto, formas de construção, materiais a ser usados, modos de instalação, etc?
Creio que ao projetar o posto policial comunitário “mobiliário”, o referido arquiteto, estava pensando simplesmente na satisfação da comunidade, e na sua satisfação como arquiteto, sem se preocupar, com os riscos que correm quem realmente vai usar e permanecer dentro deles por 24 horas. Mesmo sendo um ambiente de qualidade e confortável, assim afirma o arquiteto, dentre os riscos podemos destacar os Físicos e os Ergonômicos.
Prezado Sérgio,sou estudante de engenharia civil,e vou apresentar um seminário sobre este projeto,a minha pergunta é estes postos ainda estão em funcionamento.
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Infelizmente após alguns anos em funcionamento, a maioria dos postos comunitários de segurança se encontram abandonados e sucateados por todo o DF e Entorno, gostaria muito que as unidades de Ceilândia (cidade na qual eu resido), se tornassem pontos de encontro cultural ou apresentassem algum projeto para uso comum.
Sou estudante do 10 semestre de Engenharia Civil e vejo que a proposta deste projeto é exelente para várias alternativas e deveria ser reavaliado a situação atual de todas as unidades abandonadas.