Coment谩rios sobre: 脡olo Maia e a constru莽茫o da paisagem //28ers.com/2009/02/16/eolo-maia-e-a-construcao-da-paisagem/ Sun, 15 Mar 2009 23:35:49 +0000 hourly 1 Coment谩rios sobre: 脡olo Maia e a constru莽茫o da paisagem //28ers.com/2009/02/16/eolo-maia-e-a-construcao-da-paisagem/#comment-309 Sun, 15 Mar 2009 23:35:49 +0000 //28ers.com/?p=2052#comment-309 “Deixo a outros a ordem e a medida. Domina-me por completo a grande libertinagem da natureza e do mar.”
Camus

Caro Bruno,
É meritório o seu esforço em desvendar a obra do arquiteto Éolo Maia, no que tange à forma dos seus edifícios. Digo meritória porque a postura do nosso querido colega sempre me pareceu marcadamente intuitiva, o que dificulta a categorização das suas estratégias. Daí é possível que um consenso em torno dos aspectos que você estabeleceu como fundamentos (a expressividade plástica, implantação e relação com o entorno, a sensibilização do usuário comum, a dimensão vertical) se torne extremamente difícil. A mim, me parece que eles derivam mais da escolha dos edifícios feita por você do que propriamente do modus operandi do arquiteto. Ou seja, que os exemplos tentam confirmar uma teoria e não que esta derive da obra.

No meu modo de ver, Eolo Maia é basicamente um arquiteto modernista, mesmo no seu período pósmodernista. Tenho esta impressão justamente por sua intenção recorrente de diferenciar o edifício do entorno, contrária em certos aspectos à postura dominante nos 80’s e que às vezes conduzia à manutenção do novo num plano secundário.
“Criatividade exige coragem�dizia Eolo numa entrevista, se não me engano, ao extinto jornal O Estado de Minas. Essa vocação heróica parece impelir os seus edifícios a irrecusavelmente solicitarem a nossa retina.
Discordo quando você afirma que “nos projetos de sua fase pós-moderna verifica-se o trabalho intencional de deslocamento de toda a força plástica e expressiva do edifício para sua epiderme� na verdade a preocupação com a forma exterior está presente em toda obra do nosso arejado amigo. A novidade foi justamente o movimento oposto, da progressiva valorização dos interiores, tanto espacialmente quanto na exuberância dos materiais. A Rainha da Sucata é um exemplo efusivo.
Por outro lado, é justamente neste projeto que Eolo perde a maior chance de ser pós-moderno e reafirma sua condição modernista: o edifício se coloca como marco que pretende modificar a história e o que aparenta ser um gesto de respeito às formas do passado é na verdade uma demonstração de irreverência.
Aí, como nos demais exemplos que você analisa, me parece que a força expressiva deriva, não só do tratamento da epiderme, mas, principalmente, da geração de elementos compositivos a partir das funções, bem à maneira, aliás, do Niemeyer.

Um abraço e parabéns por oferecer as suas reflexões, à nossa antropofagia.

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Coment谩rios sobre: 脡olo Maia e a constru莽茫o da paisagem //28ers.com/2009/02/16/eolo-maia-e-a-construcao-da-paisagem/#comment-261 Wed, 25 Feb 2009 19:58:04 +0000 //28ers.com/?p=2052#comment-261 JEF, muito obrigado pelo seu comentário! Mais do que o livro em si, creio que são estas discussões que poderão revelar as nuances da obra do Éolo.
Minha intenção nesse texto era tentar apresentar brevemente algumas estratégias projetuais que o Éolo utilizava para implantar seus edifícios. A idéia de que ele trazia consigo as lições da arquitetura de Ouro Preto, não é um fato, mas uma suposição que faço no livro, a ser confirmada ou refutada em outros estudos sobre sua obra.
Estou plenamente de acordo com suas críticas sobre a situação urbana do Raja. Contudo, creio que as limitações que ele encontrou no programa e naquele terreno não invalidam a estratégia em si.
Abraços,

Bruno

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Coment谩rios sobre: 脡olo Maia e a constru莽茫o da paisagem //28ers.com/2009/02/16/eolo-maia-e-a-construcao-da-paisagem/#comment-259 Tue, 24 Feb 2009 03:05:15 +0000 //28ers.com/?p=2052#comment-259 Santa,

Não poso deixar de mencionar aqui a riqueza de sua obra citada na nota 5, da qual fui agraciado com um exemplar amigavelmente dedicado.
Se há o que falar de complexidade e de contradição que ponha qualquer Venturi não pra escanteio, mas pra fora mesmo, é sobre este nosso saudoso personagem.
Sobre a construção da paisagem, contudo…

Companheiro, cúmplice, e até mesmo vítima, que fui, há mais de 40 anos, de várias investidas desta “ventania” mineira, permita-me dicordar dos motivos que o levaram a incluir como exemplo, para ilustrar o que aborda, “a construção da paisagem”, o chamado Centro Empresarial Raja Gabaglia.

Dou-me a este luxo, aqui, de incluir este reparo, principalmente pela oportunidade que tive de com ele discutir especificamente esta questão, levando-o – pela primeira e certamente última vez, e não por falta de tempo – a aceitar uma crítica minha…

Você falou, lá:

“… Não por acaso, esta estratégia é bastante notável dentro da lógica espacial das cidades barrocas mineiras, em especial de Ouro Preto, cidade natal do arquiteto. De fato, as igrejas barrocas destacam-se no tecido urbano tanto por sua implantação peculiar, quanto pela verticalidade de suas torres sineiras que marcam a presença do edifício na paisagem e definem simbolicamente sua área de influência, ou paróquia.
Nos projetos de Éolo Maia, a reprodução intencional desta estratégia pode ser atestada pelos croquis preliminares para o Centro Empresarial Raja Gabaglia. Estes desenhos sugerem, ainda, o reconhecimento que Éolo tinha do papel da história e, em especial, da arquitetura barroca mineira como fonte de inspiração…De uma maneira geral, pode-se concluir que Éolo implantava seus edifícios para serem vistos e, para obter este resultado, trabalhava intencionalmente os volumes para modificar as estruturas espaciais do lugar e gerar novos significados…”

Pois bem, o que esta obra tem de similaridade com a “lógica espacial das cidades barrocas mineiras”, na estratégia da construção da paisagem, limita-se tão e somente ao fato de estar situada numa cumeada, o que lhe confere certa visibilidade, embora não a de se esperar: a impossibilidade de fruição da visada ao longo de seu eixo de simetria impede que percebamos os territórios que, nas suas palavras, “…definem simbolicamente sua área de influência…”

Todas as igrejas, incluídas as barrocas, são antecedidas de um adro para que justamente possamos usufruir, ao longo da extensão do eixo estruturante da sua composição formal, justamente esta área de influência. Todas, não, a mais importante de sua terra natal, a do Pilar, não tem este adro, mas uma via, a Rua Conselheiro Santana, permitindo antevê-la barrocamente “de menesguêio”, como diria o meu também saudoso sogro.

Mas nada disso ocorre no Centro Empresarial.
Não há ali adro algum, muito menos qualquer via ortogonal que justifique, ou pelo menos permita usufruir desta estrutura formal, ou do domínio de territorialidade a se esperar neste tipo de composição. Nem mesmo adianta atravessar a avenida, que a a largura da via não é suficiente para usufruir da totalidade da fachada da edificação, a qual só vemos em paralelo, vendo um pavilhão de cada vez, e aí desaparece o eixo e toda a simetria proposta se desfaz.
A sua foto, “troncha”, certamente do alto de um prédio em frente e acima, demonstra isso: não há ângulo que permita, de seu “frontispício”, visualizar a obra em sua totalidade.

Para podermos, neste edifício, afirmar que “…Éolo implantava seus edifícios para serem vistos…”, é preciso nos colocarmos em posiçâo bem estratégica e específica no alto do Santo Antônio, em especial na descida da Rua Marabá. Somente dali se percebe com clareza a intenção do projeto, a proporção entre as suas torres e o vazio entre elas, mas é uma visão bem de longe, sem detalhes, daquelas que temos da igreja do Carmo ao chegarmos em Ouro Preto.

E aí termina qualquer outra possivel construção da paisagem com relação a este prédio.
Por não conseguir lograr o seu objetivo, de ser visto, por usar uma estrutura adequada a esta intenção, mas que não dispõe de espaço para se manifestar no contexto, a composição se apresenta ali com um formalismo injustificado e equivocado.

abração

J.E.F.

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