Premiação será dia 29 de maio, em Buenos Aires
Peter Zumthor (1943) acaba de ser anunciado como o grande vencedor do Prêmio Pritzker 2009, a mais importante distinção internacional concedida a um arquiteto. O Prêmio vem prestar um justo reconhecimento à sua obra, uma das mais instigantes e vigorosas produções da arquitetura contemporânea. Os leitores do site MDC já haviam apontado o arquiteto suíço como o franco favorito à honraria, com 36% dos votos.
Natural da Basiléia, Peter Zumthor trabalha desde 1979 em seu pequeno estúdio na cidade de Haldenstein, onde mantém um pequena equipe de colaboradores e acompanha todos os projetos desde a concepção inicial até a conclusão da obra.
Quando comunicado do recebimento do Prêmio, declarou: “Ser premiado com o Prêmio Pritzker é um reconhecimento maravilhoso da arquitetura que temos feito nos últimos 20 anos. O fato de uma obra tão pequena como a nossa ser reconhecida no mundo profissional faz-nos sentir orgulhosos e deve dar muita esperança para jovens profissionais que, esforçando-se pela qualidade de seu trabalho, poderão torná-lo visível, sem nenhuma promoção especial.”
A cerimônia oficial de premiação acontecerá no dia 29 de maio em Buenos Aires, Argentina. Segundo os organizadores do Prêmio, “Tivemos dois laureados do Prêmio Pritzker na América do Sul, mas nunca realizamos a cerimônia lá. O primeiro foi Oscar Niemeyer do Brasil em 1988 e, em seguida, outro brasileiro em 2006, Paulo Mendes da Rocha. As cerimônias aconteceram em Chicago e Istambul, respectivamente. Os locais mudam todos os anos, movendo-se por importantes sítios históricos e arquitetônicos ao redor do mundo. Nós já realizamos ceremonias na Ásia, Europa e América do Norte, incluindo o México, por isso é hora de visitar a América do Sul “. Apesar de seus dois laureados, o Brasil nunca sediou uma premiação.
Abaixo, transcrevemos a citação do júri.
Peter Zumthor é um mestre admirado por seus colegas ao redor do mundo por seu trabalho focado, radical e excepcionalmente determinado. Ele concebeu seu método de trabalho quase tão cuidadosamente como cada um dos seus projetos. Durante 30 anos, ele tem vivido na remota aldeia de Haldenstein nas montanhas suíças, alheio à agitação do cenário arquitetônico internacional. Ali, juntamente com uma pequena equipe, ele desenvolve edifícios de grande integridade – intocados pelo culto da novidade e da moda. Declinando da maioria das encomendas que lhe chegam, ele só aceita um projeto quando sente profunda afinidade com seu programa e, desde o momento do aceite, sua devoção é completa, supervisionando sua realização até o último detalhe.
Seus edifícios têm uma presença marcante e ainda evidenciam o poder de uma intervenção criteriosa, mostrando-nos mais uma vez que a modéstia da abordagem e a ousadia do resultado final não são mutuamente excludentes. A humildade anda junto com a força. Enquanto alguns têm chamado sua arquitetura de serena, seus edifícios afirmam magistralmente sua presença, envolvendo vários de nossos sentidos, não apenas a nossa visão, mas também os sentidos do tato, audição e cheiro.
Zumthor tem uma forte capacidade de criar lugares que são muito mais do que um único edifício. Sua arquitetura manifesta o respeito pela primazia do lugar, o legado da cultura local e as inestimáveis lições da história da arquitetura. O Museu Kolumba em Colônia, por exemplo, não é apenas uma surpreendente obra contemporânea, mas também um trabalho que está completamente à vontade com suas muitas camadas de história. Ali, Zumthor produziu um edifício que surge a partir de restos de uma igreja bombardeada da maneira mais lírica e definitiva possível, entrelaçando lugar e memória em um palimpsesto completamente novo. Este sempre foi o caráter obrigatório da obra deste arquiteto, do singular e não menos universal sopro de fé inscrito na pequena capela de campo, na aldeia de Wachendorf, Alemanha, para a névoa mineral nas termas em Vals, na Suíça. Para ele, o papel do arquiteto não é apenas o de construir um objeto fixo, mas também de antecipar e coreografar a experiência de mover-se através e ao redor de um edifício.
Nas mãos hábeis de Zumthor, como nas de um perfeito artesão, materiais que vão de telhas de madeira a vidro jateado são utilizados de maneira a celebrarem suas próprias qualidades, todos eles ao serviço de uma arquitetura de permanência. Da mesma forma, sua visão penetrante e poesia sutil são evidentes em seus escritos que, tal como seus edifícios, têm inspirado gerações de estudantes. Reduzindo a arquitetura ao seu mínimo e mais exuberante essencial, ele tem reafirmado o lugar indispensável da arquitetura num mundo frágil. Por todas estas razões, Peter Zumthor é o destinatário do Pritzker Architecture Prize 2009.
Júri: Lord Palumbo (presidente), Renzo Piano, Alejandro Aravena, Shigeru Ban, Rolf Fehlbaum, Juhani Pallasmaa e Karen Stein.
Fonte: .
Parabéns, júri.
Escolha mais que merecida, vinha sendo para ele o meu voto nas prévias por aí veiculadas.
Ele me espanta a cada vez que publica uma obra. E eu fico, periodicamente, vasculhando a internet atrás de suas novas realizações, como quem espera ansiosamente pelo próximo capítulo da revista em quadrinho preferida e vai diariamente à banca de revistas.
Muito merecido.
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