Oscar Niemeyer propõe segundo projeto para a Praça da Soberania

Quatro meses após desistir do debate
sobre a Praça da Soberania, o arquiteto
realiza nova proposta paro mesmo local.

Oscar Niemeyer apresentou ao público hoje nova proposta para a Praça da Soberania em Brasília, na Esplanada dos Ministérios. O projeto substitui aquele elaborado em janeiro pelo arquiteto, quando gerou intensa discussão em torno de sua realização. Em 4 de fevereiro, com a publicação do texto Decisão, o arquiteto desistira do debate, advertindo entretanto que continuaria a desenvolver o projeto “na esperança, quem sabe, de um dia a sua realização tornar a ser cogitada”.

A publicação do projeto hoje, na primeira página do jornal local Correio Braziliense, foi articulada com outras duas ações bastante enérgicas de Niemeyer no sentido levar adiante imediatamente a idéia. A primeira foi o lançamento do quarto número da revista Nosso Caminho – editada pelo arquiteto, seus amigos e colaboradores mais próximos – com a publicação do projeto original concebido para a Praça da Soberania. A segunda foi a realização de uma palestra para estudantes e professores de arquitetura da Universidade de Brasília, em pleno Caminho Oscar Niemeyer – um conjunto de monumentos projetados por ele em Niterói. A palestra foi concluída com uma exposição do novo projeto para a Praça da Soberania.

Conforme sugerido pela reportagem do Correio Braziliense, Niemeyer identificaria nos professores da Universidade de Brasília os principais críticos de seu projeto. Na semana passada, através do arquiteto João Filgueiras Lima – o Lelé -, Niemeyer convidou os alunos da universidade à palestra na Escola de Humanidades, que funciona no Caminho Oscar Niemeyer – seu maior conjunto de obras recentes. Mais de cinquenta estudantes e docentes se dirigiram a Niterói para ouvir o arquiteto.

A ação coordenada dessa sexta foi apenas o coroamento de uma semana bastante movimentada para Niemeyer. Na última quarta-feira, no jornal Folha de S.Paulo, ele anunciou a conclusão de um anteprojeto para a Biblioteca Árabe/Sul-Americana em Argel, capital da Argélia, com mais de 45 mil metros quadrados, bem como uma torre e um centro de convenções adicionais no ainda inconcluso Caminho Oscar Niemeyer. No mesmo dia, na galeria de sua filha Anna Maria, foi lançado o livro Oscar Niemeyer 1999-2009.

Em entrevista ao Correio Braziliense, o arquiteto reafirma os argumentos anteriormente usados para defender seu projeto e passa a explicar a nova proposta. Em lugar de uma grande edificação curva transversal à Esplanada, agora são dois blocos longitudinais, encostados às vias. Foi mantido o obelisco do Monumento ao Cinquentenário de Brasília, deslocado do eixo central e  reduzido para 50 metros de altura – metade das dimensões originais. Niemeyer conclui: Assim é mais acessível, mais barato, mais bonito até. A solução que encontrei é tão mais simples de fazer. A questão da visibilidade que eles exigiram de poder olhar da Rodoviária à Praça dos Três Poderes não será mais problema. Ficou livre. Eu mudei a posição dos prédios, vai ser bem mais fácil de construir mesmo. O estacionamento ficou independente de tudo, embaixo da avenida de pedestres.

Matéria elaborada com base em notícias veiculadas
no (29/05/2009) e na (27/05/2009).

Leia mais sobre a Praça da Soberania em mdc.

Sobre Danilo Matoso

Arquiteto e Urbanista Brasília - DF
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8 respostas para Oscar Niemeyer propõe segundo projeto para a Praça da Soberania

  1. José Fernandes Alpoim disse:

    Pobre Oscar… Carlos Magalhães é que tem razão: Oscar está sendo exposto e pressionado justamente por quem devia protegê-lo . Acho que o problema começou quando começou a chamar de amigos a políticos da estatura de Joaquim Roriz, José Roberto Arruda e Silvestre Gorgulho. Este último, claramente o incentivador do retorno do projeto da praça. Este político menor não disfarça sua estratégia: as fotos publicadas hoje no Correio Braziliense são de sua autoria.
    A UnB, convidada a assistir à palestra de Oscar, mobilizou seus estudantes para se ver numa armadilha política montada para legitimar esta nova proposta para a praça. Quando os estudantes e professores aparecem no jornal ao lado de Oscar, é para emprestar uma aura de consenso, que na verdade não existe, a este empreendimento absurdo do GDF. Esqueceram de cortar a opinião de Carlos Magalhães da matéria para a aparente unanimidade se completar.
    E Magalhães está certo: O projeto acabou, foi apresentado e rejeitado. A cidade tem outros assuntos mais importantes com que se preocupar do que com os brios de um Secretário de Cultura aculturado que – não se sabe como – consegue atiçar nosso maior arquiteto a comprometer a integridade do conjunto de sua obra num projeto sem sentido.
    Em situação ainda mais constrangedora que Oscar ficam os defensores do projeto original e deste novo. Todos são ex-colaboradores de Niemeyer, e para não ficar mal com o mestre, comprometem publicamente sua imagem para defender uma idéia estapafúrdia. Pobre Claudio Queiroz, que defendeu com unhas e dentes uma idéia que o próprio Oscar descartou. Pobre Lelé, transformado em menino de recados a esta altura de sua vida e carreira.
    Numa coisa há que se concordar com os defensores: Oscar Niemeyer tem o direito de propor o que quiser para a Esplanada, sim. Mas também o tem qualquer cidadão e qualquer arquiteto brasileiro. Chega de contratar Niemeyer e os pequenos Niemeyers de cada cidade sem um processo minimamente democrático. Chega de projetos falsamente doados à administração pública, quando todos sabemos que a conta vem depois – no desenvolvimento ou na obra. Onde estão os concursos de arquitetura?

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  3. disse:

    Isso é o que se consegue ao pautar a discussão no legalismo do “fere ou não fere o tombamento” em vez de discutir a qualidade do projeto. Alguém tem que dar um toque nesses jornalistas do Correio e mostrar que o buraco é mais embaixo.

  4. Marcos Franchini disse:

    Aos que se interessarem, a arquiteta franco-brasileira Maira Caldoncelli Vidal realizou um estudo na Rodoviária de Brasilia, que vale conferir para se ter um contraponto do Monumento/Praça de Niemeyer versus uma praça com uma escala mais coerente e humana.

    >>

  5. Dalton mello disse:

    Acho que deveriam fazer monumentos depois da praça dos 3 poderes passando em frente a vila planalto si não daqui a uns anos a vila planalto vai esta ao lado do prédio da presidência das República.

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