Hospital Veterinário Escola da Unileão

Por Lins Arquitetos Associados
6 minutos

Hospital Veterinário Escola da Unileão (texto fornecido pelos autores)

O Hospital Veterinário Escola da Unileão é um equipamento pertencente ao curso de medicina veterinária do centro universitário Unileão. Ele tem como objetivo atender animais de pequeno e grande porte da região, além de capacitar os alunos através da prática das atividades, sempre sob supervisão dos professores.

Fotografias: Joana França

O equipamento funciona 24 horas por dia e conta com um grande programa contendo setores de urgência, clínicas, exames laboratoriais e de imagem, internação, centro cirúrgico e fisioterapia, tudo isso para pequenos e grandes animais, o que reflete diretamente nos fluxos e no dimensionamento do edifício. Para além da prática, ou seja, do atendimento direto aos animais, o equipamento também conta com um grande centro de ensino e pesquisa, com diversos laboratórios, salas de aula e espaços livres, onde são desenvolvidas e aprimoradas tecnologias e práticas voltadas para realidade local. É o primeiro hospital veterinário da região a ser construído.


O equipamento está localizado no sertão do Cariri, sul do estado do Ceará, Nordeste do Brasil, uma região que apresenta uma heterogeneidade cultural e social bastante diversificada. É uma das regiões de maior originalidade cultural do país, com destaque para as suas manifestações populares (festas, folclores) e seu artesanato, algo que o torna um dos principais alvos para estudos antropológicos e históricos do Nordeste.

Sua pluralidade cultural é resultado da miscigenação de diversos povos, que trouxeram consigo o artesanato, a música e a gastronomia, e conservaram manifestações da cultura popular como: produção de cordéis (literatura popular), artesanato, principalmente em madeira, couro e argila, Festas de Pau de Bandeira e várias expressões das festas juninas, além de penitências religiosas. Apesar disso, ainda é uma região bastante periférica, com baixos investimentos econômicos e uma persistente desigualdade social.

O clima local é o semiárido com altas temperaturas ao longo de todo o ano e chuvas concentradas no primeiro semestre que fazem com que a umidade relativa do ar nos últimos meses do ano seja bem baixa. O bioma local é a caatinga, que quer dizer mata branca em tupi guarani, e é o único bioma exclusivamente brasileiro. Sua vegetação é adaptada à escassez de água (presente no segundo semestre), perdendo suas folhas e evitando assim a perda de água. Ventos sopram geralmente de leste e sudeste ao longo do ano.

O local escolhido para abrigar as atividades do hospital está localizado dentro do campus Lagoa Seca, do centro universitário Unileão, uma zona de fácil acesso e ainda pouco adensada. Possui o campus totalmente aberto à população. Junto ao campus da UFCA – Universidade Federal do Cariri – , ao campus do IFCE – Instituto Federal do Ceará – , além de alguns colégios, todos bastante próximos, o Hospital integra o principal polo educacional da cidade.

Planta Pavimento Térreo, Pavimento Superior, Cobertura e Composição Formal do Hospital

Já o terreno propriamente dito possui um desnível de 7 metros ao longo de 150 metros de comprimento, gerando uma inclinação de aproximadamente 5% nesta dimensão. Tem um formato trapezoidal, onde a base maior (voltada a leste) possui 136,00m, a base menor (voltada a oeste) possui 102,00m, o lado voltado a norte com 150m e o lado voltado a sul com 130,00m. Sua área total, portanto, é de 15.206,17m².

Corte Perspectivado e Cortes A, B, C, D e E

O edifício parte da premissa de proporcionar muito conforto e bem-estar aos usuários, sejam eles animais ou pessoas. Para isso tivemos que adaptar o edifício ao clima existente, utilizar vegetação nativa ou adaptada ao lugar, além de valorizar a cultura, os materiais e a mão-de-obra da própria região, para que haja um fomento da economia local e o equipamento seja um combustível para a valorização do lugar.

Apresentação Elemento Vazado

A busca por uma fluidez espacial, com espaços dinâmicos, planos curvos e inclinados, busca uma maior associação com a natureza e o ambiente natural dos animais, facilitando o seu bem-estar e a sua adaptação, evitando desconfortos.

Quando se trata de equipamentos de saúde, o conceito de humanizar espaços é bem difundido, com pesquisa indicando a importância do espaço para a recuperação dos pacientes. Pois bem, este mesmo conceito foi utilizado também neste equipamento, só que agora também para os animais. “Humanizar animais” talvez seja um pouco inadequado, mas proporcionar o mesmo conforto que damos para nós, a eles, já é uma necessidade. Neste espaço, temos o mesmo tratamento, somos todos animais.

A ideia principal foi a concepção de uma grande coberta solta da edificação, proporcionando muita sombra para as atividades que acontecem logo abaixo. Essa coberta, em telhas metálicas e translúcidas, é sustentada por treliças metálicas curvas, como se fossem ondas, com interrupções estrategicamente posicionadas para permitir a renovação do ar e consequentemente a saída do ar quente.

As telhas translúcidas garantem o aproveitamento da luz natural. A grande sombra protege não só os edifícios abaixo como também todos os espaços livres entre eles, incluindo jardins, circulações, áreas de convivência, piquetes, ambulatório e recepção.

As atividades do hospital foram distribuídas em seis blocos (retangulares ou trapezoidais) afastados entre si, gerando espaços entre eles e permitindo a livre ventilação cruzada. Esses espaços são repletos de jardins que trazem umidade, gerando um microclima agradável e contribuindo para a regulação da temperatura, principalmente na época seca. O fechamento desses edifícios é feito em esquadrias de alumínio branco e vidro, moduladas, em faixas verticais e desencontradas, ora nascendo do topo, ora do piso, tornando as fachadas mais dinâmicas e captando a iluminação necessária para cada ambiente interno.

Uma grande proteção solar, de sete metros de altura, feita com tijolos cerâmicos maciços desencontrados, filtra a luz do sol intensa na região e protege o interior do edifício. Seu formato ondulado traz mais estabilidade para o elemento e dialoga com as curvas da coberta. Além da proteção solar na fachada poente, serve também de separação entre o setor público e privado do equipamento.


projeto executivo


ANTEPROJETO
15 pranchas (pdf).
25,27mb


EXECUTIVO
23 pranchas (pdf).
26,95mb


LUMINOTÉCNICO
03 pranchas (pdf).
6,71mb


INTERIORES
145 pranchas (pdf).
76,52mb


PAISAGISMO
02 pranchas (pdf).
10,80mb


ficha técnica

Local: Juazeiro do Norte, CE, Brasil
Ano de início da obra: 2019
Ano de conclusão do projeto: 2023
Área do projeto: 5.236,85 m²
Arquitetura, interiores e paisagismo: Lins Arquitetos Associados – Cintia Lins e George Lins
Colaboradores: Gabriela Brasileiro, Joyce de Deus, Alessandra Braga, Armênia Araújo, Alice Teles, Mayara Rocha, Lia Lopes, Samuel Melo, Camila Tavares, Caroline Braga, Cristiellen Rodrigues, Thais Menescal e Paula Thiers


Construção:
Ampla Engenharia
Instalações: Ampla Engenharia
Estrutura: Tiago Ivo
Cobertura: Vão Livre


Fotos: Joana França
Contato: contato@linsarquitetos.com.br

Premiação:
Obra do ano Archdaily Brasil – 2024


galeria


colaboração editorial

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LINS, Cintia. LINS, George. “Hospital Veterinário Escola da Unileão”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n.,ago-2024. Disponível em //www.28ers.com/2024/08/29/hospital-veterinario-escola-da-unileao/. Acesso em: [incluir data do acesso].


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