Por Terra + Tuma
Casa Maracanã (texto fornecido pelos autores)
A casa está localizada na Lapa, bairro predominantemente residencial da zona oeste de São Paulo, em terreno conciso e com topografia em declive.
Croqui de Corte Longitudinal e vista geral do ambiente social da residência: Pedro Kok
Ela se desenvolve em três pavimentos, abaixo e acima da cota de acesso, na qual estão implantados a garagem e o hall de distribuição da circulação vertical. Ocupando toda a largura do lote, as empenas laterais desempenham também o papel de muros de divisa e, estruturais, são feitas com bloco de concreto autoportante.
Assim, os oito metros de largura do ambiente social ficam livres da interferência de outros elementos estruturais e a residência ganha um aparente espaço extra, qualificado pelo pé-direito duplo e pelo confortável aporte da iluminação natural.
Fotografias: Pedro Kok e Cortes Longitudinais e Transversais
Há jardins na frente e nos fundos ladeando a sala de estar da cota inferior, dela separados por caixilhos de altura total que tornam indistintos os limites entre o edificado e os espaços livres.
Fotografias: Pedro Kok
Em contrapartida, o mezanino transversal, no nível intermediário, sinaliza a passagem do setor social para o de serviços e o estúdio, situados lado a lado na porção frontal e rebaixada do terreno.
Fotografias: Pedro Kok
A extrema simplicidade dos materiais – blocos de concreto autoportantes ou de vedação, sem revestimento – faz par com a exposição das tubulações, piso e escadas de concreto, todos aparentes. O cuidado na seleção dos fornecedores, por exemplo, garantiu a proximidade entre seus tons de cinza, tão claros quanto possível.
Fotografias: Pedro Kok
No andar superior, os dormitórios (três no total) dividem uma faixa de pouco mais de três metros de largura por oito de comprimento, compartilhando o banheiro que, sobressalente na fachada frontal, tem revestimento externo decorativo. O padrão de traços e círculos, nas cores branca, preta e vermelha, foi concebido pelo artista plástico Alexandre Mancini.
Plantas dos três pavimentos + Planta de Cobertura
Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.
por Danilo Terra, Fernanda Sakano, Juliana Terra e Pedro Tuma (T.T.)
MDC – Como vocês contextualizam essa obra no conjunto de toda a sua produção?
T.T. – Seminal. Por ela o escritório encontrou um processo de reflexão e desenvolvimento de
projeto próprio, e como consequência uma linguagem identitária.
MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?
T.T. – A casa pertence aos sócios Danilo e Juliana.
MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Vocês destacariam algum momento significativo do processo?
T.T. – Parâmetros de projeto extremamente limitantes em contraste com a liberdade de projetar
para si próprio tornaram o processo projetual em um laboratório destinado a encontrar
soluções pragmáticas, e que atendessem à família funcionalmente com a maior flexibilidade
espacial possível.
MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, podem comentar as mais importantes?
T.T. – Sim. Intensa participação. E as consequências foram determinantes para o resultado final. A
que mais se destaca é o sistema construtivo adotado. Um sistema misto de alvenaria
estrutural com concreto armado tradicional.
MDC – Os autores do projeto tiveram participação no processo de construção/implementação da obra?
T.T. – Sim, e também intensa, durante toda a obra. O canteiro também determinou a adoção de
certas soluções, como a alvenaria estrutural, viabilizando a construção no alinhamento do
terreno.
MDC – Vocês destacariam algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?
T.T. – Foram incontáveis momentos da vida familiar, e até mesmo profissional, aos quais esta casa
atendeu muito bem. Sua estrutura comporta além do mais importante e trivial uso cotidiano,
até eventos e locações para fotos e filmagens.
MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, fariam algo diferente?
T.T. – Sim, foi um processo de muito aprendizado e consequente amadurecimento em projetos e
obras posteriores.
MDC – Como vocês contextualizam essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?
T.T. – Acreditamos que ela trata de resgatar uma linguagem projetual que não foi inventada por
nós, mas estava latente e muito pertinente ao contexto da produção arquitetônica
contemporânea.
MDC – Há algo relativo ao projeto e ao processo que gostariam de acrescentar e que não foi contemplado pelas perguntas anteriores?
T.T. – Agradecemos imensamente a sua contribuição. Um abraço!
projeto executivo
PARTE 1:
ARQUITETURA
4 pranchas (pdf).
5,02mb
PARTE 2:
DETALHES
6 pranchas (pdf).
2,6mb
PARTE 3:
ESQUADRIAS
5 pranchas (pdf).
2,1mb
PARTE 4:
ELÉTRICA
2 pranchas (pdf).
903kb
ficha técnica
Local: Bairro da Lapa – São Paulo, SP
Ano de projeto: 2008
Ano de conclusão: 2009
Área: 185 m²
Arquitetura: Terra e Tuma Arquitetos Associados | Danilo Terra, Pedro Tuma e Juliana Assali
Construção: RKF | Rafael Alves
Elétrica | Hidráulica: Minuano Engenharia | Cibele Báez Neme e Roberto Abou Assali
Esquadrias de Alumínio: Metaltec Esquadrias | Alexandre Hornink Mora e Fabio Cappeli
Estrutura: AVS | Carolina Ayres e Tomas Vieira
Impermeabilização: Kenzo Harada | Vedação Tecnologia em Construção
Marcenaria: Alceu Terra
Painel: Alexandre Mancini
Paisagismo: Gabriella Ornaghi Arquitetura e Paisagismo
Serralheria: Edison Shigueno
Fotos: Pedro Kok e Arturo Arrieta (Maquete)
galeria
colaboração editorial
Isabela Gomide
deseja citar esse post?
ASSALI, Juliana. TERRA, Danilo. TUMA, Pedro. “Casa Maracanã”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., out-2024. Disponível em //www.28ers.com/2024/10/28/casa-maracana. Acesso em: [incluir data do acesso].