Eduardo Pierrotti Rossetti – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com Sat, 05 Jan 2013 03:12:24 +0000 pt-BR hourly 1 //i0.wp.com/28ers.com/wp-content/uploads/2023/09/cropped-logo_.png?fit=32%2C32&ssl=1 Eduardo Pierrotti Rossetti – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com 32 32 5128755 Eduardo Pierrotti Rossetti – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2012/12/20/velorio-de-oscar-niemeyer-eu-fui/ //28ers.com/2012/12/20/velorio-de-oscar-niemeyer-eu-fui/#respond Fri, 21 Dec 2012 01:12:14 +0000 //28ers.com/?p=8257 Continue lendo ]]> serie-oscar

Eduardo Pierrotti Rossetti

Praça dos Três Poderes. Foto: Eduardo Rossetti

Longe de qualquer traço de ironia, o título acima traduz certa surpresa e contém outra dose de acaso. O fato que é que eu participei do velório de Oscar Niemeyer no Palácio do Planalto em Brasília. Eu gostaria de ter participado do velório do Ayrton Senna e me lembro da comoção que foi o enterro de Tancredo Neves, mas nunca imaginei que participaria de um tal fato histórico, mesmo sabendo que o falecimento de Niemeyer estivesse se tornando algo ainda mais eminente nas últimas semanas.

Ontem, dia 5 de dezembro, era uma data em que somente havia a lembrança da data do aniversário de Lina Bo Bardi. Quando soube do passamento de Niemeyer me lembrei da conversa telefônica que havia travado com uma amiga em que comentava que o estado de saúde de Niemeyer me parecia mais triste do que preocupante, pois sua lucidez devia lhe informar que ainda estava numa U.T.I., etc, e segui a conversa lembrando que Lucio Costa havia falecido num contexto cotidiano, de maneira suave. Mas não foi assim que a “a Indesejada das gentes?chegou (…e nesse assunto sempre me lembro de meu avô que tinha paura de morrer em hospital!). Pois bem, quando soube, havia acabado de corrigir trabalhos universitários, justo quando uma chuva intensa e rápida caiu na ponta da Asa Norte. Desliguei a música, fiquei quieto, fui pra varanda olhei as poucas estrelas entre as nuvens e me sentei numa poltrona.

Fiquei pensando nas duas vezes em que havia visto Niemeyer (1996 e 2009), no fato de eu ter me tornado arquiteto com ele na ativa, que aos 89 anos inaugurava o Museu em Niterói e dominava novamente as páginas de revistas, mostrando seu domínio e sua condição plena de trabalho. Em 1996, Niemeyer fez uma palestra memorável no Salão Caramelo da FAU-USP, para milhares de estudantes: ele andava de um lado para outro, desenhava e dizia frases já conhecidas, mas era o próprio gênio, ali, a alguns metros, que impressionava e impactava a todos com sua agudeza, com sua precisão e com sua plenitude. Depois, em 2009, acompanhando o arquiteto Andrey Schlee —então Diretor da FAU-UnB?numa palestra de Niemeyer para os estudantes, ocorrida num de seus edifícios em Niterói! A lucidez parecia intacta, e mesmo que o vigor físico não fosse o mesmo, ele, qual Beethoven, continuava a vislumbrar novas obras, novas formas, projetos em diferentes países, produzindo, inventando ou re-inventando!

Segui pensando, folhei um livro, olhei outros, ponderei tomar um whisky, mas nada interessava muito. Vingou mais meia hora de silêncio que foi quebrada pela versão instrumental de Veleno, de Marina Lima, seguida de Take Five, de Dave Brubeck, repetida umas cinco vezes e, finalmente, muitas faixas de Tom Jobim. Imagina, imagina... e o Trem Azul trouxe outras memórias, ideias soltas, frases esparsas: coisas que havia conversado com os alunos, desenhos, a lembrança da primeira vez que vi a Pampulha, a primeira vez que vim a Brasília, as anotações em desenhos do acervo do Itamaraty, fotos dele durante a construção da cidade, a visita ao Planalto em obras em 2010 quando, por dever de ofício, pude subir e descer a rampa…

Vai tua vida...

Morar em Brasília recuperou lições de arquitetura, me fez reler artigos, repensar questões da história da arquitetura brasileira, repensar escalas, espaço e técnica. De certo modo, morar em Brasília faz Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Juscelino Kubitschek, Israel Pinheiro, Darcy Ribeiro e tantas outras pessoas se tornarem menos abstratas e mais próximas. Sei que ver Niemeyer está longe de conhecer Niemeyer e nunca tive tal ilusão, mas me sentia particularmente feliz com estes dois encontros. Entre imagens e lembranças, tudo ampliava a presença dele, revigorava o mito, mas apontava indagações que sempre são importantes de serem recobradas para não perder o prumo do senso crítico: o que e a obra que ele deixa? Como é a trajetória deste sujeito? Que obras ele leu? Que arquitetos ele estudou, de fato? Como era seu diálogo com Lucio Costa? …com Juscelino? Indagações para as tantas histórias a serem formuladas.

Tudo isso reafirmava uma outra certeza: nós, arquitetos, historiadores e pesquisadores de arquitetura temos muito, muito trabalho pela frente! Há muito que descobrir e revelar de Oscar Niemeyer e de sua vastíssima e complexa arquitetura. Este foi um dos comentários que pude verbalizar hoje para um jornalista durante o velório. Se o enfrentamento crítico de sua obra vem sendo construído com maior intensidade nos últimos 10, 15 anos —através de artigos, dissertações e teses?a grande questão que se coloca agora, com urgência, é: abram os arquivos! Deve haver croquis inimagináveis para projetos em lugares e momentos históricos inacreditáveis, casas desconhecidas, obras não construídas ao redor do mundo. Enfim, um Oscar Niemeyer tão potente e instigante quanto aquele que, hoje, julgamos conhecer.

Biografias são mais que necessárias, ao mesmo tempo em que as questões que sua arquitetura provocam e fazem pensar, sua obra precisa ser objeto de um amplo debate pelos arquitetos e urbanistas, articulando-se com outros campos do conhecimento. Pensar e repensar Niemeyer poder ser muito importante pare pensar e repensar o Brasil. O respeito por Oscar Niemeyer e o interesse por sua arquitetura transcendem, em muito, um âmbito profissional específico. Tão conhecido como Pelé, tão genial quanto Michelangelo e talvez tão citado quanto Freud(!), vale lembrar o comentário de um taxista ou a deferência do frentista do posto de gasolina no Eixinho, que acenava para o cortejo que conduzia seu corpo ao palácio.

Não tenho informações sobre quantas pessoas passarem pelo Palácio do Planalto, não sei qual o tamanho da fila na Praça dos Três Poderes, não acompanhei a repercussão na imprensa internacional, não sei quantas twittadas foram “arremessadas?ou como as redes sociais se comportaram desde que seu falecimento foi anunciado. O que sei é que o gesto da Presidente Dilma Rousseff ao abrir o palácio e realizar o velório de Oscar Niemeyer em Brasília, redime a cidade da malograda comemoração de seus 50 anos. Mais que uma visão de estadista ou o reconhecimento do arquiteto que a liturgia do cargo poderia incitar, este convite parece traduzir seu apreço pela cidade.

Bandeiras a meio-pau

Desde que soube que o velório em Brasília seria no Planalto, fiquei atento ao funcionamento do “evento? movimentação da Esplanada, policiais monitorando a Plataforma Rodoviária, helicópteros, comitivas, rol de nomes para entrar, credenciais. Ao chegar ao Planalto por volta de 14:30h já havia muita movimentação. Contudo, a chegada do corpo de Oscar Niemeyer ao palácio ocorreu sob um silêncio respeitoso e profundo, que só foi acentuado pela balbúrdia desnecessária dos jornalistas que acompanhavam o cortejo. Mesmo sabendo um pouco do protocolo, o entra-e-sai de carros, o vai-e-vem dos Dragões da Independência indicava o que estava para acontecer, inclusive porque enquanto os boatos corriam, enquanto o sinal da internet permanecia fraco! O carro do Corpo de Bombeiros estacionou em frente à rampa, o caixão desceu e assim que começou a subir a rampa houve uma salva de palmas seguida de silêncio para sua entrada no salão do palácio. Em alguns momentos, a Presidente ficou bem próxima à porta de acesso, parecendo tão ansiosa quanto eu e quanto todos aqueles —arquitetos, jornalistas, fotógrafos, estudantes, funcionários e curiosos?que estavam entre as colunas do Planalto, na sombra, aguardando.

Depois da chegada do caixão e do horário reservado, haveria uma espera para que fosse possível entrar e participar enfim do velório propriamente dito. A fila oficial já se formava na Praça dos Três Poderes, mas decidi ficar ali e aguardar na sombra. Por uma situação fortuita e para minha sorte, junto com outros dois arquitetos, entrei no Palácio do Planalto. Assim que a porta do elevador se abriu reconheci algumas pessoas, me situei na logística da organização dos espaços. Entre conversas, comentários, acenos e apertos de mão e engatei a fila certa para ver Oscar Niemeyer pela última vez.

Lá de cima, do salão, avistava-se muita gente na Praça. Ao sair do palácio, cruzei a Praça, vi estudantes, encontrei conhecidos, reparei no espírito cívico que emanava daquela fila formada sob o sol, mas também vi expressões de curiosidade e respeito de quem foi lá. Ao invés de tomar um táxi, resolvi subir toda a Esplanada caminhando, parei para comer um pastel próximo ao Ministério da Cultura, fato que ajustou o tempo da caminhada para que eu pudesse ouvir os sinos dobrando ao passar pela Catedral! Hoje, durante todo o dia o céu de Brasília esteve lindo: azul celeste-puro, com nuvens variadíssimas, numa profusão de formas, armando um jogo imprevisível, sob uma luz potente, emocionante, como a arquitetura de Oscar Niemeyer é.

Brasília, 06 de dezembro de 2012


Eduardo Pierrotti Rossetti
 Arquiteto, doutor em arquitetura e urbanismo, pesquisador-pleno e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília


Veja todas as matérias da série Oscar Niemeyer 1907-2012.

Veja todas as matérias sobre Oscar Niemeyer já publicadas na revista MDC.

Colaboração editorial: Luciana Jobim

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Eduardo Pierrotti Rossetti

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Plataforma Rodoviária e Esplanada dos Ministérios . foto - Eduardo Rossetti

?#8230;provisoriamente? Assim, com a indicação desta possibilidade latente é que o Arquiteto Oscar Niemeyer encerrou sua participação direta nos embates acerca de seu projeto para a ?em>Praça da Soberania?na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

Somente os mais incautos poderiam supor que o maior arquiteto atuante no campo brasileiro fosse deixar a última palavra sobre seu projeto com a imprensa, com ?em>a população? com outros arquitetos ou mesmo com pesquisadores e estudiosos da arquitetura —os ?em>especialistas? Enquanto acatava ?em>provisoriamente?o veredicto sobre sua proposição para uma intervenção no vazio soberano da Esplanada dos Ministérios, Oscar Niemeyer retomava o problema para redefinir uma nova solução para a ?em>Praça da Soberania? A nova versão para esta Praça tornou-se pública em 27 de maio, quando da abertura da exposição ?em>Oscar Niemeyer 1999-2009?e do lançamento do quarto número da revista Nosso Caminho, que traz em sua capa a primeira versão da Praça da Soberania. Essa nova versão foi divulgada dois dias depois pelo jornal Correio Braziliense, justamente no dia em que o Arquiteto proferiu uma aula aos estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.

Neste novo projeto para a Praça da Soberania, Oscar Niemeyer apresenta uma solução que claramente indica a consideração de alguns aspectos que foram bastante criticados naquele primeiro projeto, para além da questão do tombamento e da possibilidade legal de construir a Praça —questão para a qual o IPHAN tem toda competência e legitimidade para decidir. O novo projeto de Oscar Niemeyer, descrito como sendo ?em>Uma modificação irrecusável?a href="#_ftn1">[1] propõe uma alteração significativa na dimensão e na implantação do obelisco (ou monumento), deslocando-o do eixo da Esplanada onde se situava originalmente, reduzindo sua altura pela metade, passando a ter 50m.[2] Além disso, o Memorial dos Presidentes passou a ser implantado paralelamente às vias do Eixo Monumental, aproximando-se da Via S1. Este Memorial tornou-se um bloco retilíneo, dialogando formalmente com um novo edifício de implantação equivalente com uso indicado de ?em>museu/exposições? Tudo agenciado sobre uma superfície graficamente homogênea, provavelmente seca, sem fatores indicativos sobre o caráter construtivo e matérico, sem maiores informações sobre a implantação e suas conexões com os setores culturais Norte e Sul, ou suas conexões com a Plataforma Rodoviária. Sem essas e outras precisões, pretender abordar a nova versão do projeto da Praça, torna-se apenas uma oportunidade especulativa.

Nesta versão atual do projeto, o arquiteto reconhece a importância fundamental da visibilidade do conjunto arquitetônico monumental projetado por ele mesmo a partir do risco de Lucio Costa e apreendido desde a Plataforma Rodoviária —cuja autoria é de Lucio Costa. Assim, muito mais do que um mero ajuste entre os edifícios da nova versão da Praça, é sintomática a manutenção deste diálogo atemporal com Lucio Costa evidenciado na argumentação de Niemeyer sobre a nova solução: ?#8230;senti que, sem querer, tinha atendido ao desejo de se manter uma visibilidade total da Rodoviária até a Praça dos Três Poderes.?a href="#_ftn3">[3] Trata-se de uma alteração projetual muito significativa, que evidencia também que Oscar Niemeyer reviu seu entendimento de que a Plataforma da Rodoviária seria apenas um mero cruzamento de viadutos, conquanto se configura de fato como lugar articulador da vida urbana.[4]

A segunda versão da Praça da Soberania deve ser compreendida mais como uma resposta de Oscar Niemeyer ao campo da arquitetura —incluindo aí também os ?em>especialistas”?do que uma indicação de sua efetiva vontade de construí-la. A edição dominical do Correio Braziliense já revelou a posição oficial do Governo do Distrito Federal de que o ?em>projeto não sairá do papel?[5] Assim, a nova versão da Praça parece ter uma existência com inicio, meio e fim já anunciados, sem pretender causar maiores debates ou sem pretender suscitar efetivas polêmicas. Ao que parece, ao mesmo tempo em que Oscar Niemeyer entende que não poderia deixar a terceiros a última palavra sobre o seu projeto, ele quer demonstrar que ainda está apto para assimilar críticas e re-estabelecer um diálogo profícuo com seu próprio campo, como uma de suas respostas à entrevista do Correio Braziliense indica. Indagado se foi um gesto de humildade modificar o projeto, ele responde: ?em>Lógico. Fiz o que é justo, correto…?a href="#_ftn6">[6] Menos do que um recuo, trata-se de um indício da capacidade do longevo arquiteto de rever suas próprias posições perante as diversas circunstâncias, como historicamente já fizera antes, no final dos anos 50, quando da publicação de ?em>Depoimento?[7]

Trata-se também de uma reação muito diferente do polêmico enfrentamento que ele travou com o projeto do novo auditório para o Parque do Ibirapuera em São Paulo, quando tentou efetuar uma alteração em sua marquise. Em meados dos anos 90, quando proferiu uma aula magna na FAU-USP, Oscar Niemeyer encerrou seu discurso com a última obra que pautava o debate corrente no campo, demarcando sua vivaz presença. Naquela ocasião, o Museu de Arte Contemporânea de Niterói foi a obra que arrematava sua trajetória, fato equivalente com o que ocorreu no dia 29 de maio, quando ele encerrou mais uma exposição sobre sua própria trajetória perante alunos, familiares, imprensa e autoridades, mostrando a segunda versão para a Praça da Soberania. Qual será a próxima obra ou o próximo grande projeto a integrar essa trajetória? Isto é impossível saber, mas ao que tudo indica, enquanto ele, Oscar Niemeyer, estiver projetando e vislumbrando suas novas arquiteturas, fato seguro é que permanecerá distante da unanimidade.

A produção  recente do arquiteto nos últimos dez, quinze anos demonstra que Oscar Niemeyer permanece envolvido com demandas e programas complexos, tais como: universidades, centros administrativos ou complexos culturais de múltiplo uso, museus… São em grande parte projetos que correspondem a um ?em>tema mais forte?segundo ele, exigindo arquiteturas de caráter representativo, cívico ou com uma abrangência urbana de caráter e escala monumental. Para resolver tais edifícios, Niemeyer assinala a permanência de suas estratégias projetuais, especulando, depurando, reforçando e ampliando o seu reconhecido repertório formal. Além das superfícies preponderantemente secas que idealmente embasam as obras, muitas cúpulas, blocos ou edifícios pavilhonares, marquises e rampas predominam nesta produção, sendo articulados e agenciados para resolver mais a plasticidade do conjunto que a diversa gama de programas que devem abrigar. Os croquis de Niemeyer, que antes enunciavam estrutura e forma a um só tempo, agora cederam lugar às imagens produzidas pela computação gráfica, que direta e figurativamente constroem a própria imagem do fato arquitetônico. Contudo, o concreto se mantém como o material inerente ao seu projetar. Sendo hoje  preponderantemente branco, o concreto possibilita a Oscar Niemeyer definir as soluções formais, os vãos, os balanços e as dimensões que lhe são rotineiras: 50m, 200m, 300x300m, 150m de altura, etc.

Reiteradamente, a forma emerge como índice mais evidente e assumido de seu discurso, constituindo-se como uma chave de acesso específica para compreender a formulação de seu raciocínio construtivo, formal e simbólico. Oscar Niemeyer reforça a questão da forma como sendo a questão praticamente única e exclusiva da arquitetura. Sua fala de praxe defende que ?em>arquitetura é invenção?[8] e enfatiza que o controle sobre a forma é o problema projetual a ser enfrentado. Indiretamente, Niemeyer parece considerar secundárias as prementes circunstâncias do projetar para as quais concorrem as novas tecnologias construtivas, as legislações, os novos materiais, as demandas sos programas arquitetônicos contemporâneos, os suportes e linguagens de produção e representação do projeto, as questões urbanas, as questões ambientais, as especificidades sociais e as oportunidades políticas. Deste modo, seu discurso lança indagações sobre como produzir tecnologicamente, como explorar simbólica e plasticamente, como conceber as formas —novas e outras formas. Em meio às decisões excludentes e às subordinações que regem o ato de projetar —ou seja, elaborar a invenção arquitetônica?a forma continua a ser a questão fundamental que Oscar Niemeyer propõe e deixa a todo o campo, para além da crônica de uma praça anunciada, efetivamente.


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notas

[1] Trata-se do título do texto de apresentação que acompanha o projeto que está na  exposição ?em>Oscar Niemeyer 1999-2009?aberta no dia 28 de maio na Galeria Anna Maria Niemeyer, com visitação até 31 de julho. Note-se que este novo desenho e o texto não constam do livro homônimo, lançado nesta mesma ocasião.

[2] Deve ser notado que na proposição apresentada na exposição ?em>Oscar Niemeyer 1999-2009?aberta no dia 27 de maio na Galeria Anna Maria Niemeyer, a última frase do texto que acompanha o projeto indica uma altura de 30m: ?em>O monumento terá trinta metros de altura?(sic).

[3] Trata-se de uma frase que acompanha o desenho integrante da exposição ?em>Oscar Niemeyer 1999-2009?aberta em 27/maio de 2009 na Galeria Anna Maria Niemeyer. Grifos adicionais.

[4] Sobre a Plataforma Rodoviária, adianto que há um artigo em elaboração sobre ela.

[5] Vide ?em>Praça de Niemeyer sai dos planos? Correio Braziliense, 31/maio/2009, p.31.

[6] Vide Correio Braziliense, 29/maio/2009, p.25.

[7] Vide Módulo nº.09, fev/1958. pp.03-06.

[8] Frase proferida por Niemeyer novamente em sua aula, no dia 29/maio/2009.


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referências bibliográficas

ARGAN, Giulio Carlo. Projeto e Destino. São Paulo: Ática, 2001.

Correio Braziliense. Edições: 29/05/2009; 30/05/2009 e 31/05/2009;

NIEMEYER, Oscar. Quase memória: viagens, tempos de entusiasmo e revolta ?1961-66. Rio de      Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1968.

NIEMEYER, Oscar. Minha arquitetura: 1937-2004. Rio de Janeiro: Ed. Revan, 2004.

NIEMEYER, Oscar. Oscar Niemeyer ?1999-2009. Rio de Janeiro: &Letras, 2004.

ROSSETTI, Eduardo Pierrotti. Arquitetura em transe. Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas e         Lina Bo Bardi: nexos da arquitetura brasileira pós-Brasília (1960-85). São Paulo: FAU-USP, 2007. Tese de Doutorado.

STEVENS, Garry. O círculo privilegiado: fundamentos sociais da distinção arquitetônica. Brasília:   EDUnB, 2003.

TAFURI, Manfredo. Teoria e história da Arquitectura. Lisboa: Editorial Presença. 1988.

TELLES, Sophia da Silva. Arquitetura Moderna no Brasil: o desenho da superfície. São Paulo: FFLCH-        USP, Dissertação de Mestrado, 1988.

VALLE, Marco Antonio Alves do. Desenvolvimento da forma e procedimentos de projeto na arquitetura       de Oscar Niemeyer (1935-1998). São Paulo/FAU-USP, Tese de Doutorado, 2000.

XAVIER, Alberto (Org.). Depoimento de uma geração. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.


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Eduardo Pierrotti Rossetti

Arquiteto, doutor em arquitetura e urbanismo, pesquisador-pleno e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília

Leia mais sobre a Praça da Soberania em mdc.

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