Naja & De Ostos – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com Mon, 19 Jan 2009 04:30:40 +0000 pt-BR hourly 1 //i0.wp.com/28ers.com/wp-content/uploads/2023/09/cropped-logo_.png?fit=32%2C32&ssl=1 Naja & De Ostos – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com 32 32 5128755 Naja & De Ostos – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2009/01/12/globo-alisado-ou-globo-azulado/ //28ers.com/2009/01/12/globo-alisado-ou-globo-azulado/#comments Tue, 13 Jan 2009 00:20:44 +0000 //28ers.com/?p=1340 Continue lendo ]]> José Eduardo Ferolla

A primeira tentativa do colonizado é a de mudar de condição mudando de pele. Um modelo tentador e muito próximo a ele se oferece e se impõe: precisamente o do colonizador. Este não sofre de nenhuma de suas carências, tem todos os direitos, goza de todos os bens e se beneficia de todos os prestígios; dispõe de riquezas e de honrarias, da técnica e da autoridade. É, enfim, o outro termo da comparação que esmaga o colonizado e o mantém na servidão. A primeira ambição do colonizado será a de igualar-se a esse modelo prestigioso, de parecer-se com ele até nele desaparecer.
Albert Memmi [1]

Houve um tempo em que havia inteligência no planeta. Mesmo naquele antecipadamente global, na sua telinha.
Havia um programa de entrevistas conduzido pelo Otto Lara Resende.
Num deles, o entrevistado foi o Nélson Rodrigues.
A época? Ah, era uma brasa, mora? Tudo era jovem: poder jovem, moda jovem, até a guarda era jovem, e ai daquele que confiasse em alguém com mais de trinta anos.
Sobre isso indagou o Otto:
“… Nélson, e esse negócio, agora, de jovem guarda, de poder jovem, de moda jovem, tudo tem que ser jovem, qual a sua opinião a respeito? O que você diria a estes jovens…?
Envelheçam“, foi a lacônica resposta.

colonialismo

Enquanto isso, a gente tem que aturar muito dente de leite tresandando a fralda descartável (ou cueiros. A palavra, sem dúvida, é muito mais apropriada), mas já desandando a falar besteira. Outro dia teve um aqui ostentando um “trabalho” premiado “lá fora”.
Não era músico (que não mais fazem músicas, só “trabalhos“. Terão virado pais-de-santo?), mas colega nosso.
O “trabalho” era uma chocante e descabidamente jocosa proposta de um cemitério pairando sobre Bagdá.
Isso mesmo, um cemitério. Pairando por sobre onde, mesmo? Isto mesmo, ali, entre o Tigre e o Eufrates.
E premiado por instituição sediada em membro das “forças de coalizão”, um dos fornecedores da “matéria prima”, a qual, estatisticamente considerados os anos de “ocupação”, constataram os autores, surpresos, ser bem menos do que esperavam. Incrível, não é mesmo?
Mas os desenhos, ah, os desenhos, eram lindos!…
Difícil esperar que esta jeunesse à dorée envelheça, ainda que faisandée.
Gentes colonizadas “lá fora”, debocham de longe, não pisam na lama, vivem (?) on line num virtual “Manhattan Disconnection“. Esta mediocridade juvenil anda preocupantemente contaminando outras gerações, e não podemos atribuir toda a culpa apenas àquele comprimidinho azul. O fenômeno é mais sério. Burrice nunca teve idade, nem origem, mas agora ficou genérica e universal.
A globalização da estupidez.

…Xerxes mandou que chicoteassem o mar que não cooperava com a navegação de sua frota rumo à guerra. Os jovens, ah, os jovens, os jovens precisam de rock, quebrar guitarras, pular do palco, falar palavrões. Dêem rock aos jovens e ficarão mansos. Os jovens de coquetel molotov de Paris, arremessando-os contra os carros, reclamam emprego. Incendeiam carros como Xerxes descia o sarrafo no pélago. Emprego é só um pretexto. Dêem-lhes shows de rock e ficarão quietinhos[2]

sociedade caracu

As tão propagadas benesses da globalização nem de longe relam o totum o planeta, não é do interesse dos seus detentores. Já os malefícios, como cobertores contaminados com tifo, todos se apressam a disseminar.
Os norteamericanos, levianamente brincando de banco imobiliário, quebraram todos.
Não há mais, na CE, nem lugar e muito menos para quem construir. O mercado está saturado, a legislação extremamente rígida e o crescimento populacional, negativo.
A Rússia vai ter que se livrar, antes, da máfia que a domina e da máfia que dominava.
Na Ásia já manda a China, com Austrália, que não é boba e com mais know-how, a reboque. Para ocasiões e obras especiais, vimos, abrem algum espaço para enfants gatés. Mas só neste momentos.
Índia? Muita gente a alimentar, muita hostilidade vizinha para conter, para os seus tem muito ainda o que fazer.
África? Certamente um mundo a se fazer, mas ali o desmanche ainda não terminou. Enquanto ainda houver algo para rapinar, não haverá nada mais rentável onde investir.
Parece que estamos nas bicas de virar a bola-da-vez para aplicação desta ociosa mão-de-obra ocidental.
Primeiro chegou o capital, depois incorporadoras e construtoras, agora é a vez dos arquitetos.
Estão chegando famintos, mas querendo passar a impressão de bem saciados, de tanto que arrotam.
Direto para a nossa maior cidade do interior onde se concentra o dinheiro, onde, que nem animal aleijado, a boca do luxo é a mesma boca do lixo, tal a enorme a voracidade acrítica para o consumo, ali, de “novidades”.
 E vem com a mesma conversa de sempre, com a mesma superioridade colonial, cheios de miçangas.

a missão francesa

Gravura de Theodore de Bry (1592)

Antes, chegavam somente pelo litoral.
Alguns dos primeiros regalaram os nativos. Sardinha daquele tamanho, os Caetés jamais haviam visto, nem a tantos alimentado. Mas o melhor, diziam, eram os dedos…
Crises, admitamos, tem as suas vantagens. Há duzentos anos foram enormes, “anfitrionávamos” uma esperta corte, a única a driblar Bonaparte, e como por aqui pretendia permanecer por bom tempo, viu-se obrigada a criar no além-mar condições “aceitáveis”.
Ganhamos a Academia, da qual jamais nos livramos. Ô peso! Mas vieram viajantes catalogando tudo e a todos, passamos a conhecer um pouco mais sobre nós mesmos, criaram um belo Jardim Botânico, alguma urbanização, tanto que até hoje o Rio de Janeiro continua lindo.
Com a abertura dos portos (patrocinada, ou melhor, exigida por quem, mesmo?) ocorre a nossa primeira globalização, o comércio deixa de ser exclusivamente fruto de contrabando, e de onde saem ouro, café e açúcar, entram sedas do Malabar, os tweeds de Shetland e, “… e, envoltas em perfume, mocinhas francesas, jovens polacas e batalhões de mulatas…”[3], junto com muitas outras coisas não exclusivamente nobres.
Como a sífilis.

…a terra bola azulada numa vitrine gigante…

[4]

E nunca mais pararam de chegar.
E de novo vem chegando, não os alquimistas, os arquitetos.
Como músicos, só falando besteira. E com cada “trabalho”…
Quem não se lembra daquele estupor proposto pelo Nouvel para o Guggenheim, ali na Praça XV?
Pitoresco como escravos em gravura de Debret, sous les grands cocotiers qui se balancent[5]
Nossa última “missão francesa”? Não, teve ainda a hiperfaturada, inconclusa e “inaugurada” Cidade da Música.
De minha parte, nada tenho contra estes “intercâmbios”. Assim como tem poderosos dispostos a exibir um Niemeyer lá fora, teve gente aqui disposta a pagar por um Siza, e deve ter valido a pena.
Pra que questionar esta presença estrangeira, se o melhor em Paris é obra de alemão, de suíço, de italiano e inglês? Até mesmo de americano?
Considero louvável os  fitzcarraldos tupiniquins patrocinadores de mentes brilhantes, até mesmo públicos poderes, para a grandiloqüência de nosso patrimônio cultural, entretanto, neste caso, há uma questão impositiva: democracia. Dificilmente conseguiria Haussmann chegar a termo em Paris sob este estatuto. Por muito menos Aarão Reis jogou aqui a toalha… Em tempos republicanos há leis, e onde estão vigentes, o mais democrático, o mais legítimo, é o concurso público de arquitetura. Nacional ou Internacional, tanto faz, depende da impostância que queiram atribuir à obra.
Assim construíram em pleno Marais o Centre Georges Pompidou, a sede da ONU, em NYC, o novo acréscimo Reichstag, em Berlim, a nova Bibliotheca Alexandrina, no Egito. Nenhum destes por arquitetos do país de origem.
Não significa, de modo algum, globalizar a cultura, a arquitetura. Cada obra destas representou a melhor opção ali, naquele lugar. Com toda impregnação cultural que ali existia, e da que, a partir daí, passou a coexistir.
Mas como cada vez mais reina a mediocridade, o que não somos obrigados a ver publicado:

Há uma rede global de estudantes e de jovens arquitetos que sabem como trabalhar com… ferramentas de design paramétrico… em Londres, por exemplo, ensinamos estudantes de todo o mundo, que voltam a seu país de origem e a utilizam… É uma necessidade para entrar no domínio da arquitetura de alto nível. Como um ticket de entrada: você não pode participar se não adquirir as habilidadesAs arquiteturas nacionais são coisa do passado... arquitetos vão a várias partes do mundo e participam de concursosSe você tem um profissional muito bom, ele imediatamente se torna internacional. Por isso as culturas das arquiteturas nacionais desapareceram, ou, se ainda existem, estão com os dias contados… Ainda há algumas ilhas resistentes e (sic) anti-globalização. O Brasil é uma delas, mas há muitas pessoas se aproximando. Nós queremos vir pra cá. O país está se abrindo e pessoas como Mendes da Rocha devem também sair para construir… Em 10 anos, os arquitetos mais jovens não terão chances se não puderem competir com profissionais internacionais – se não puderem competir com os meus alunos em Londres[6]

Impressiona a arrogância de mais este cristiano-ronaldo, atripado de teoria, mas que, da arquitetura, só deve conhecer de vista, de fotografia, ou do que, sobre ela algum outro tenha dito ou publicado alhures. “Com os seus alunos em Londres e suas maravilhosas ferramentas de design paramétrico”, com certeza, muita coisa publicarão, mas o que veremos de tão especial, assim, de construção?
Para ele – e os seus alunos de Londres – arquitetura só seja mesmo isso, a aparência, o virtual, o simulacro. Torcendo para que desapareça qualquer traço de regionalismo, qualquer dialeto, qualquer sotaque, pois assim não haverá dificuldade alguma para eles, de Londres, é claro, trabalharem onde quer que seja. Inclusive aqui.
Pois já não sugere o acordo? “… só eu, não, o Mendes da Rocha também…”
É espantoso como esta geração nem um pouco se envergonha de ser tão explícita.
É, precisaremos de muita paciência para esperar que gente assim envelheça, e, pior, como com os vinhos, sem quaisquer garantias. Hoje estão todos assim, com esta cara-de-pau, este cinismo, este descompromisso ético e histórico, e o que é muito, muito pior, é que está assim de gente, e até gente velha, que se lhes dá a atenção.
Uma coisa, disso tudo, merece atenção:
ele sabe que lá, por lados dele, só é ouvido, só é considerado quem ganha concurso.
É o que, numa democracia, dá legitimidade à escolha. Temos aqui todos os instrumentos, uma legislação minuciosa, instituições regulamentadoras etc, mas o Estado prossegue fazendo as coisas ao seu modo.
Aos nossos dirigentes repugna – e nos estranha, pois tiveram de se submeter à vontade popular para chegar onde estão – o rictus democraticus, acham um absurdo gastar tempo com papel, desconhecem os procedimentos e prazos de um planejamento correto, preferem gastar muito mais, depois, com o outro papel, o moeda. Para eles, concurso dá trabalho, demora, sempre dá problema, sempre tem alguém querendo contestar e/ou impugnar, é muito mais fácil contratar um Niemeyer, um “notório saber”. Mas, como ele – convenhamos – não é imortal, já estão pensando em outros caminhos.
Concurso? Nem pensar!

pros amigos, tudo, pros inimigos, a lei

(ou: manda quem pode, obedece quem tem juízo)

O debate mais recente, no nosso meio, foi o anúncio da  contratação de certa parelha suíça, em total descompromisso com a ética pública, para projetar os espaços para uma instituição pública, dedicada à dança.
Só gentes muito especializadas sabem e podem projetar estes espaços“, disseram.
Difícil, mesmo, é dançar!
São arquitetos que levam em consideração todos os aspectos do programa e do sítio“.
Qualquer estudante de arquitetura sabe que só será aprovado o trabalho final de graduação que der resposta coerente a estes requisitos.
São pessoas de notória especialização“.
Andam repetindo muito isto, como se fosse dispensável, neste mundo de wahroliana, momentânea e midiática fama, qualquer explicação. A única brecha na legislação para dispensar licitação é a inexistência de outrem com igual expertise, coisa hoje, neste mesmo mundo de informação instantaneamente compartilhada e globalizada, simplesmente impensável.
Já a parelha, pelo menos não está, como os outros, a deitar falação, mesmo porque havia já um encarregado do besteirol o senhor-professor-doutor-secretário-de-Estado João Sayad, que, como economista, tem mais prática em explicar o inexplicável, mas que, mesmo assim, ao tentar consertar, piorou, que aqueles nomes não saíram da cartola – e olha que isso, de cartola, por aqui, é mais que usual, a gente melhor entenderia – mas de uma “concorrência informal”. Considerando o contexto público onde deverá ocorrer esta contratação, é mesmo que dizer “ligeiramente grávida”ou “superficialmente morto”.
E assim vai girando o nosso mundo, deste jeito besta e macunaímico, sem moral, sem ética, sem nenhum caráter.
Disse uma vez Antonil que na língua nativa não havia “… o ‘F’, nem o ‘L’, nem o ‘R’, porquanto não têm Fé, nem Lei, nem Rei…“.
 Hoje, então, não sabem mais usar o plural, concordar sujeito com predicado e muito menos pontuar, mas nunca tiveram tanto espaço para pontificar.

é proibido proibir

Cada um, ao seu modo, de acordo com as suas conveniências, vem aqui buscando os meios de apoitar.
E, como se não bastasse, chega-nos agora, senão a derradeira flor, pelo menos uma esta pérola do Lácio:
O estilo do século 21 é não ter estilo[7]
Millor há muito autointitulado “escritor sem estilo”, deve estar rolando de rir de sua “eternidade”…
Trata-se da nova sede do Istituto Italiano di Cultura. Assim como a Fundação Iberê Camargo, não é instituição pública, logo contrata quem quiser e provavelmente deve ter-lhe agradado nome de tal prestígio para “sacralizar” aquele escorredor de pratos – que qualquer um compraria baratinho em qualquer lugar da 25 de Março –  nos fundos de sua sede neoclássica.
Diz o repórter que as obras do arquiteto “… tem como espinha dorsal a tentativa de emocionar…”.
Conseguiu: quase morri de rir!
E como deita besteira, na entrevista, o colega:
“… É muito, muito matérico (sic)… Este século tem outros elementos, que, podemos dizer, são mais próximos da teoria do caos, da imprevisibilidade do que faz o homem, começando com a meteorologia e chegando até a economia…”
Poderá o leitor me indicar um século em as coisas não tenham sido assim?
Já não é de hoje esta história da aplicação teoria do caos na arquitetura. Se o caos é incerteza, movimentação, dinamismo imprevisto, não pode ser imobilizado, congelado, como quiseram os descontrutivistas. Vira coisa previsível, perde a incerteza, vira ornamento.
Mas pode servir para os intuitos dos que, como ele, consideram a arquitetura “… uma filosofia científica…”
“… Acho que [devemos] voltar a colocar o homem no centro do palco. Não sei bem como fazer isso…”
Uff! Ainda bem! Para quem começou pretendendo criar “… um projeto muito orgânico, que acredita na sustentabilidade, no ambiente… com lâminas de madeira submersas na água esverdeada…“, vai de novo começar mal, partindo para, disto, a antítese. Não foi assim, a partir deste iluminismo, de situar o ser humano como centro de um universo que o cerca e o serve, que todo o desequilíbrio começou?
Uma qualidade, pelo menos, demonstra, contrariando o garnizé anterior: “… contrastar as formas, ir contra o que virou regra na arquitetura comercial norteamericana, por exemplo, que constrói os mesmos prédios em todos os lugares do mundo, em vez de pensar no cenário local, na arquitetura. Ocorreu uma má interpretação da globalização…”
Não vou aqui mais me ater nos delírios deste barroco personagem, que do caos de sua filosofia científica passa a enveredar pelo esoterismo pós-metabolismo de moradias como “… moléculas que dão vida a um corpo…” e daí uma arquitetura de autoajuda, nas “… ofertas que acreditam nas emoções positivas, que descartam a angústia…”
Repito, é de morrer de rir, mas não deixa de haver certa coerência. Depois de lermos sua reposta ao repórter, perguntando sobre suas fontes de inspiração, de que “…basta olhar para o que faz Ferran Adriá na cozinha molecular…”, fica tudo claramente explicado, passa a ter todo o sentido aquele escorredor de pratos. Mesmo que sobre água esverdeada…
São estas, colegas, as novas miçangas.
E como vem sob forma de design paramétrico, somente os iniciados nos seus ritos, como os alunos de Londres, saberão como distribuí-las.
Tudo bem, vamos esperar que pousem…

AK47- obra prima na chuva da África, na poeira do Saara, no gelo da Sibéria. Para uns, simbolo libertário. para outros, simbolo de terrorismo.

José Eduardo Ferolla
Engenheiro Arquiteto e professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais



notas

[1] MEMMI, Albert. Retrato do colonizado precedido do retrato do colonizador. Trad. Roland Corbisier e Mariza Pinto Coelho. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1967. p.106-107. (Ecumenismo e Humanismo, 11).

[2]//blogauti.wunderblogs.com/archives/020516.html

[3] João Bosco e Aldir Blanc, Mestre-Sala dos Mares

[4] Gilberto Gil, Vitrines

[5] H. Salvador, Dans mon île

[6] Grifos meus. Toda a besteira está, na íntegra,  na AU de dezembro último, mas não vale a pena ler mais que o resumo.

[7] Folha de São Paulo, Ilustrada, 06/01/09, em matéria com o mesmo título.

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