PEDRO KOK – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com Sun, 03 Nov 2024 14:59:35 +0000 pt-BR hourly 1 //i0.wp.com/28ers.com/wp-content/uploads/2023/09/cropped-logo_.png?fit=32%2C32&ssl=1 PEDRO KOK – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com 32 32 5128755 PEDRO KOK – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2024/10/28/casa-vila-matilde/ //28ers.com/2024/10/28/casa-vila-matilde/#respond Mon, 28 Oct 2024 20:26:02 +0000 //28ers.com/?p=18668 Continue lendo ]]> Por Terra + Tuma
9 minutos

Casa Vila Matilde (texto de Francesco Perrotta-Bosch | 2015)

É preciso avisar de antemão: este não é um projeto feito por caridade. Nem se encaixa a definição de habitação social. De fato, a história da casa na Vila Matilde restitui algo de elementar à arquitetura.

Fotografia: Terra e Tuma

Um então distante conhecido de Danilo Terra consultou o arquiteto sobre a possibilidade de reformar a casa onde sua mãe residia há 25 anos. Morava em um trecho do bairro de Vila Matilde, na zona Leste de São Paulo, oriundo de um antigo loteamento – uma vizinhança repleta de casas modestas, mas atendidas pelos serviços básicos de infraestrutura. Naquele ano de 2011, mãe e filho tinham dois cenários em mente: um projeto de reforma da casa ou sua venda para a compra de algum apartamento.

Situação

Danilo e Pedro Tuma, seu sócio no escritório, foram visitar a residência existente e constataram uma complicada situação: incontáveis rachaduras e infiltrações nas paredes; ampliações feitas ao longo dos anos sem qualquer ordenamento; faltavam janelas e aberturas que permitissem a entrada de ventilação e iluminação naturais nos ambientes internos. Era inviável o reaproveitamento da estrutura que lá havia. Embora insalubre, a senhora de 74 anos não fazia esforço para sair da velha casa. Por mais que o primogênito reconhecesse as condições ruins de moradia da matriarca, também percebia o quão negativo seria tirá-la da vizinhança onde há décadas estava estabelecida sua rotina.

Fotografias: Terra e Tuma

Assim, decidiram demolir a casa existente para edificar uma nova no mesmo terreno. As economias guardadas por esta senhora nas décadas de prestação de serviços domésticos eram na ordem de 100 mil reais. “Seria possível com este valor construir uma casa térrea para a mãe?”, questionava o filho aos arquitetos. “Tem que ser possível”, pensou a dupla do escritório Terra e Tuma. Ao apresentar seus projetos anteriores de residências, suas referências e sua ideia de arquitetura, eles esclareceram aos clientes que o limite para o orçamento era baixo, mas era viável.

Fotografia: Terra e Tuma

Nesse momento, é necessário se colocar na posição desta mãe e filho. Afinal, eles estavam prestes a pôr todo o dinheiro poupado em uma vida inteira à disposição de um projeto arquitetônico. Não é um ato muito comum para pessoas de uma classe social mais humilde no Brasil, país cujo senso comum põe o bom projeto de arquitetura como um benefício para quem tem dinheiro sobrando. Pondo-se no lugar dos arquitetos, gerenciar os escassos recursos de uma pessoa para materializá-los em sua nova moradia era uma responsabilidade grande.

Cabe também acrescentar que este não é um caso de fé à profissão. Provavelmente, dona Dalva não conhece Le Corbusier. Dona Dalva não sabe dos benefícios da planta livre, nem dos outros quatros pontos para a arquitetura moderna. Dona Dalva não deve estar ciente da importância
gregária do salão caramelo da FAUUSP. Pelo processo de construção, Dona Dalva não deu indícios de se importar com as condições operárias no canteiro de obras. Dona Dalva não se encanta com os hightechs, desconstrutivistas, metabolistas ou sustentáveis. Dona Dalva não aprendeu com Las Vegas. Ou seja, dona Dalva passa ao largo da intelligentsia arquitetônica, mas mesmo assim, por algum motivo, eles apostaram todas as fichas na arquitetura.

Fotografias: Terra e Tuma

Fez-se o contrato da mãe e filho com o escritório de arquitetura (também dirigido pela arquiteta Fernanda Sakano), de acordo com honorários compatíveis com o valor total possível e esclarecido desde a primeira conversa. Para viabilizar a edificação dentro desse recurso, os arquitetos auxiliaram na escolha e na elaboração de contratos com o empreiteiro, os complementares, os fornecedores.

A primeira proposta de projeto, feita ainda em 2011, era em estrutura metálica, revestimento externo em telha translúcida, divisórias internas em drywall. A referência explícita no powerpoint de apresentação é a Casa Latapie do escritório francês Lacaton & Vassal. A estratégia era de uma
construção seca com montadores específicos, apostando na rapidez e na minimização de erros de obra.

Chegou a ser feito o projeto executivo dessa versão. Esperou-se mais de um ano para a aprovação do desenho na prefeitura. Permaneceu em stand by por mais alguns meses até o dia de 2014 em que o filho constata que o forro do teto caíra em cima da cama da mãe. Com o risco iminente de ruir, o filho tira a mãe da casa antiga, que passa a morar de aluguel, e liga para os arquitetos informando que a obra tinha que começar.

No momento de executar, o escritório muda o projeto, optando pela segurança da pesquisa construtiva que se iniciara na Casa Maracanã e que se seguiu pela Casa com Estúdio e em mais duas edificações. “Pela responsabilidade da situação, tínhamos que acertar. Não teria quem
pagasse pelo erro”, afirmavam os arquitetos. Seguiram por um método construtivo que tinham domínio, lançando mão do bloco de concreto, sem revestimentos e com o mínimo uso de elementos facilmente encontrados em lojas de construção. Utilizam o essencial para a construção não por uma questão estética ou por qualquer demonstração de verdade do material, mas para dar pragmatismo de obra e reduzir custos.

Referência Casa Maracanã
Fotografia: Pedro Kok

Refizeram os desenhos gerais do projeto (em duas semanas) e iniciaram a demolição da velha casa, durante a qual surgiram os grandes desafios da execução. De um lado, o vizinho, que estava construindo seu segundo andar, escorava sua residência na precária edificação que estava sendo demolida. O muro da casa do outro lado assentava-se direto na terra, sem baldrame. Logo, as fundações eram executadas não somente para estruturar a casa da mãe e do filho, como também para manter em pé os sobrados ao redor. Soma-se a isso o fato do próprio lote não ser nivelado, de modo que foi necessário construir uma laje para estabelecer o piso térreo, vencendo as
irregularidades e cavidades no solo.

Outra condicionante atípica e só verificável no canteiro: o vizinho que se apoiava na antiga casa também invadia o lote em cerca de 50 cm, quebrando a linearidade da lateral. Quando se descobriu isso, o projeto foi todo espelhado, deixando o muro irregular adjacente ao pátio central. Parte considerável dos nove meses de execução foi destinada a esse cuidadoso processo de demolição e de fundações.

Fotografias: Terra e Tuma

A obra foi tocada por um empreiteiro de confiança, do qual partiu a iniciativa de acordar o acompanhamento da construção pelos arquitetos uma ou duas vezes por semana. Em virtude desse modelo, foi possível uma simplificação dos desenhos. Muitas decisões projetuais eram feitas no canteiro, por meio do diálogo com os construtores ou fornecedores. De acordo com a demanda, os arquitetos fizeram as plantas dos dois pavimentos, cortes, fachadas, as ampliações do portão e da escada, definiram as características gerais dos caixilhos. Tudo em pouquíssimas pranchas, de modo a evitar desenhos com detalhamentos raramente lidos pela mão de obra nacional.
Além de otimizar o tempo, este pragmático modo de trabalho minimizava custos e esforços tanto para os arquitetos e empreiteiro quanto para os clientes.

Plantas Térreo, Primeiro Pavimento e Cobertura

Entreveros de obra à parte, o levantamento das paredes de blocos de concreto foi uma etapa rápida. Recuada em relação ao alinhamento frontal do lote, está a sala. A partir dela se segue para um corredor onde se alinham as áreas com instalações hidráulicas – lavabo, cozinha e área de serviço. Em paralelo, está o vazio central com jardim. A separação entre interior e exterior nesse trecho nuclear é feita por uma longa esquadria que permite ampla iluminação e ventilação natural – a antítese da ambiência da velha casa. Ao fundo estão as duas suítes: no térreo para a mãe e no pavimento superior para o filho. A laje de cobertura da sala permite uma ampliação
futura da casa.

Cortes Longitudinais e Transversais

Fotografias: Terra e Tuma

Não somente a residência tem a robustez suficiente para agregar mais cômodos, mas também admite outros tipos de reformas. O chão, que é hoje o concreto alisado da laje, pode receber outro piso. As paredes, que são de bloco aparente, podem vir a ser pintadas, rebocadas ou revestidas. A casa vai se transformar, de acordo com um natural processo de apropriação por dona Dalva, que vai imprimir gradativamente sua identidade a essa casa. Porém, é interessante notar que, posterior à entrega da chave, mãe e filho consultam com frequência os arquitetos para pedir orientação na
disposição do mobiliário, na cor das cortinas, na colocação de suas plantas. O canal de diálogo permanece, pois há um reconhecimento por parte dos moradores da melhora da qualidade de vida pela arquitetura.

Esta não é a casa dos sonhos de dona Dalva. Aqui o Terra e Tuma não trata o projeto arquitetônico como uma tentativa de dar forma aos desejos que ocupam o imaginário da proprietária. No desenho, não há incrementos subjetivos, pois se tem consciência de que a noção estética de cada pessoa é muito singular. Não diferente de qualquer outro caso, o valor afetivo que a matriarca tem com cada material diverge da qualificação concedida às matérias pelos arquitetos.

Portanto, nesta circunstância de grande limitação orçamentária, para que a construção fosse possível, demandava-se a simplificação dos desenhos, a otimização da execução, a materialização exclusiva do que é essencial para dona Dalva morar. Das economias de uma vida inteira, ergueu-se uma casa com um tamanho decente, ventilação, iluminação, sem riscos de o forro cair sobre a cama. Na singeleza da casa na Vila Matilde referendada pela admirável história, restitui-se a noção de arquitetura como produção de espaço que ambiciona eminentemente a dignidade do habitar.


projeto executivo


EXECUTIVO COMPLETO

7 formatos (pdf).
2,87mb


ficha técnica

Local: Vila Matilde – São Paulo, SP
Ano de projeto: 2011 – 2015
Ano de construção: 2015
Área: 95 m²
Arquitetura: Terra e Tuma Arquitetos Associados | Danilo Terra, Pedro Tuma, Fernanda Sakano, Bruna Hashimoto, Giulia Galante, Jéssica Zanini, Lucas Miilher, Zeno Muica.


Construção:
Valdionor Andrade de Carvalho e equipe
Estrutura: Megalos Engenharia
Paisagismo: Gabriella Ornaghi Arquitetura da Paisagem


Fotos: Pedro Kok, Terra e Tuma (fotos antigas / fotos de obra)


galeria


colaboração editorial

Renan Maia

deseja citar esse post?

TERRA, Danilo. TUMA, Pedro. SAKANO, Fernanda. PERROTTA-BOSCH, Francesco. “Casa Vila Matilde”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., out-2024. Disponível em //www.28ers.com/2024/10/28/casa-vila-matilde. Acesso em: [incluir data do acesso].


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5 minutos

Casa Maracanã (texto fornecido pelos autores)

A casa está localizada na Lapa, bairro predominantemente residencial da zona oeste de São Paulo, em terreno conciso e com topografia em declive.

Croqui de Corte Longitudinal e vista geral do ambiente social da residência: Pedro Kok

Ela se desenvolve em três pavimentos, abaixo e acima da cota de acesso, na qual estão implantados a garagem e o hall de distribuição da circulação vertical. Ocupando toda a largura do lote, as empenas laterais desempenham também o papel de muros de divisa e, estruturais, são feitas com bloco de concreto autoportante.

Assim, os oito metros de largura do ambiente social ficam livres da interferência de outros elementos estruturais e a residência ganha um aparente espaço extra, qualificado pelo pé-direito duplo e pelo confortável aporte da iluminação natural.

Fotografias: Pedro Kok e Cortes Longitudinais e Transversais

Há jardins na frente e nos fundos ladeando a sala de estar da cota inferior, dela separados por caixilhos de altura total que tornam indistintos os limites entre o edificado e os espaços livres.

Fotografias: Pedro Kok

Em contrapartida, o mezanino transversal, no nível intermediário, sinaliza a passagem do setor social para o de serviços e o estúdio, situados lado a lado na porção frontal e rebaixada do terreno.

Fotografias: Pedro Kok

A extrema simplicidade dos materiais – blocos de concreto autoportantes ou de vedação, sem revestimento – faz par com a exposição das tubulações, piso e escadas de concreto, todos aparentes. O cuidado na seleção dos fornecedores, por exemplo, garantiu a proximidade entre seus tons de cinza, tão claros quanto possível.

Fotografias: Pedro Kok

No andar superior, os dormitórios (três no total) dividem uma faixa de pouco mais de três metros de largura por oito de comprimento, compartilhando o banheiro que, sobressalente na fachada frontal, tem revestimento externo decorativo. O padrão de traços e círculos, nas cores branca, preta e vermelha, foi concebido pelo artista plástico Alexandre Mancini.

Plantas dos três pavimentos + Planta de Cobertura


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por Danilo Terra, Fernanda Sakano, Juliana Terra e Pedro Tuma (T.T.)

MDC – Como vocês contextualizam essa obra no conjunto de toda a sua produção?

T.T. – Seminal. Por ela o escritório encontrou um processo de reflexão e desenvolvimento de
projeto próprio, e como consequência uma linguagem identitária.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

T.T. – A casa pertence aos sócios Danilo e Juliana.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Vocês destacariam algum momento significativo do processo?

T.T. – Parâmetros de projeto extremamente limitantes em contraste com a liberdade de projetar
para si próprio tornaram o processo projetual em um laboratório destinado a encontrar
soluções pragmáticas, e que atendessem à família funcionalmente com a maior flexibilidade
espacial possível.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, podem comentar as mais importantes?

T.T. – Sim. Intensa participação. E as consequências foram determinantes para o resultado final. A
que mais se destaca é o sistema construtivo adotado. Um sistema misto de alvenaria
estrutural com concreto armado tradicional.

MDC – Os autores do projeto tiveram participação no processo de construção/implementação da obra?

T.T. – Sim, e também intensa, durante toda a obra. O canteiro também determinou a adoção de
certas soluções, como a alvenaria estrutural, viabilizando a construção no alinhamento do
terreno.

MDC – Vocês destacariam algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

T.T. – Foram incontáveis momentos da vida familiar, e até mesmo profissional, aos quais esta casa
atendeu muito bem. Sua estrutura comporta além do mais importante e trivial uso cotidiano,
até eventos e locações para fotos e filmagens.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, fariam algo diferente?

T.T. – Sim, foi um processo de muito aprendizado e consequente amadurecimento em projetos e
obras posteriores.

MDC – Como vocês contextualizam essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

T.T. – Acreditamos que ela trata de resgatar uma linguagem projetual que não foi inventada por
nós, mas estava latente e muito pertinente ao contexto da produção arquitetônica
contemporânea.

MDC – Há algo relativo ao projeto e ao processo que gostariam de acrescentar e que não foi contemplado pelas perguntas anteriores?

T.T. – Agradecemos imensamente a sua contribuição. Um abraço!


projeto executivo


PARTE 1:
ARQUITETURA

4 pranchas (pdf).
5,02mb


PARTE 2:
DETALHES

6 pranchas (pdf).
2,6mb


PARTE 3:
ESQUADRIAS

5 pranchas (pdf).
2,1mb


PARTE 4:
ELÉTRICA

2 pranchas (pdf).
903kb


ficha técnica

Local: Bairro da Lapa – São Paulo, SP
Ano de projeto: 2008
Ano de conclusão: 2009
Área: 185 m²
Arquitetura: Terra e Tuma Arquitetos Associados | Danilo Terra, Pedro Tuma e Juliana Assali


Construção:
RKF | Rafael Alves
Elétrica | Hidráulica:
Minuano Engenharia | Cibele Báez Neme e Roberto Abou Assali
Esquadrias de Alumínio: Metaltec Esquadrias | Alexandre Hornink Mora e Fabio Cappeli
Estrutura: AVS | Carolina Ayres e Tomas Vieira
Impermeabilização: Kenzo Harada | Vedação Tecnologia em Construção
Marcenaria: Alceu Terra
Painel: Alexandre Mancini
Paisagismo: Gabriella Ornaghi Arquitetura e Paisagismo
Serralheria: Edison Shigueno


Fotos: Pedro Kok e Arturo Arrieta (Maquete)


galeria


colaboração editorial

Isabela Gomide

deseja citar esse post?

ASSALI, Juliana. TERRA, Danilo. TUMA, Pedro. “Casa Maracanã”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., out-2024. Disponível em //www.28ers.com/2024/10/28/casa-maracana. Acesso em: [incluir data do acesso].


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//28ers.com/2024/10/28/casa-maracana/feed/ 0 18595
PEDRO KOK – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2024/03/12/casa-saracura/ //28ers.com/2024/03/12/casa-saracura/#respond Tue, 12 Mar 2024 23:28:22 +0000 //28ers.com/?p=15917 Continue lendo ]]> Por [entre escalas]
8 minutos

Casa Saracura (texto fornecido pelos autores)

A Casa Saracura faz parte de um conjunto de sobrados geminados construídos na década de 1940 no bairro do Bexiga, São Paulo. Em resistência à atual especulação imobiliária no bairro, a renovação do sobrado busca preservar a memória deste bairro tradicional mantendo a fachada original e a configuração do pátio existente.

Fotografia: Pedro Kok

Como partido de projeto, a estrutura original da casa é revelada, assim como o muro de arrimo histórico, típico da topografia existente do Bexiga que aparece como elemento visível a partir de diversos ambientes da casa. Manter a relação visual com o muro de arrimo existente é uma das premissas do projeto.

Fotografia: Pedro Kok

O córrego Saracura, normalmente invisível aos olhos, passa bem atrás do terreno deixando o muro de arrimo constantemente úmido, onde a vegetação brota espontaneamente. Diante desta singular condição, a fonte entra como o principal elemento simbólico do projeto. Um tanque e um caminho d’água foram propostos, captando as águas do Saracura, e trazendo as águas para dentro do pátio, à vista de todos.

Fotografia: Pedro Kok

O volume da casa se manteve inalterado, porém uma única abertura no assoalho do primeiro pavimento abre um vazio que busca uma maior entrada de luz natural e relações visuais entre os dois níveis da casa ao mesmo tempo que incorpora uma nova dimensão no andar inferior.

Fotografia: Pedro Kok

No pavimento superior, as alvenarias do dormitório central foram removidas configurando o escritório como um espaço aberto, entre os dormitórios, que se abre para este vazio. Assim, a bancada de trabalho do mezanino mantém relações visuais com o pátio e com o muro de arrimo ao fundo do lote, além de ter a função de proteção ao vazio.

Planta Térreo Superior + Primeiro Pavimento + Cobertura

Novas aberturas foram propostas para a maior entrada de luz e ventilação natural nos ambientes internos, desenhadas em serralheria. O reboco das paredes laterais foi removido, expondo a técnica construtiva histórica da casa de alvenaria estrutural de tijolos. A remoção do forro existente de estuque revela a estrutura de madeira, tanto no térreo superior e no primeiro pavimento, expondo a estrutura original de madeira do piso de assoalho e do telhado, além de oferecer amplitude aos ambientes internos.

Fotografia: Pedro Kok

Uma das premissas do projeto foi a recuperação de elementos originais de valor arquitetônico. A escada e guarda-corpo de madeira, cobertos de tinta em situação existente, foram restaurados, e o piso de madeira existente do pavimento superior foi recuperado. O convite da escada integra-se ao banco de concreto, mobiliário fixo das salas.

Fotografia: Pedro Kok e Marina Panzoldo Canhadas (obra)

Novos elementos de concreto armado foram propostos: a parede do lavabo, o banco e prateleira na sala, a mesa na cozinha que avança no pátio e a bancada do banho da suíte. A mesa da cozinha, assim como a nova abertura de acesso ao pátio pela sala, estabelece novas relações entre os espaços internos e externos da casa. Um jardim em toda a extensão do pátio também foi proposto, trazendo o verde para dentro da casa.

Fotografia: Pedro Kok


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por Entre Escalas (E.E.)

MDC – Como você contextualiza essa obra no conjunto de toda a sua produção?

E.E. – O projeto da Casa Saracura surgiu após a realização de outra obra em 2015 também no Bexiga, a Casa na Rua Rocha. Tratava-se também da recuperação de um sobrado geminado da década de 1940, bem perto da Casa Saracura.

Por coincidência, no mesmo ano de desenvolvimento do projeto da Casa Saracura, também estávamos realizando o projeto da Casa Apiacás, que também tratava da recuperação de um sobrado geminado em Perdizes.

Estas três obras, Casa Rua Rocha (2015-2016), Casa Apiacás (2020-2021) e Casa Saracura (2020-2022) representam de certo modo uma trilogia de intervenção em sobrados existentes, e a Casa Saracura, talvez por ser a última, consegue condensar ideias que ganharam certa liberdade a partir de questões trabalhadas e aprendidas nas outras.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

E.E. – Contratação direta, os clientes me encontraram através de publicações da Casa Rua Rocha realizada também no Bexiga em 2015-2016.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Você destacaria algum momento significativo do processo?

E.E. – Nas recuperações de sobrados geminados antigos, é sempre importante considerar quais elementos arquitetônicos devem ser preservados / recuperados. Assim como garantir uma melhor entrada de luz e ventilação natural, por conta da configuração dos lotes: estreitos e compridos. A Casa Saracura já havia passado por algumas reformas anteriores, e os caixilhos já não eram originais. O pátio também havia sido transformado, incluindo a construção de uma escada externa de acesso a um quartinho no primeiro pavimento. Dada esta situação existente, outra estratégia de projeto importante é a de estabelecer novas relações entre as áreas internas e externas da casa, fazendo com que o pátio, por exemplo, típico das casas geminadas do Bexiga, tenha relação contínua com os espaços internos. Desse modo, novas espacialidades são criadas. O momento importante foi a descoberta do córrego Saracura passando atrás do lote. Esta condição singular do terreno, fez com que a fonte se tornasse um elemento simbólico importante do projeto. Junto com o tanque e o caminho d´água ao longo do pátio, tornando visível as águas do córrego Saracura.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa do autor? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, pode comentar as mais importantes?

E.E. – Todo o processo de desenvolvimento do projeto contou com a participação ativa da autora. Foram feitas diversas reuniões entre ambas partes. O Projeto de Arquitetura já contemplava o reforço estrutural, então o projeto de estrutura seguiu a Arquitetura, com devido dimensionamento do reforço estrutural metálico. O que mudamos na obra foi a construção de novas lajes de concreto aparente moldadas in loco na lavanderia e no banho principal, pois a laje existente na lavanderia estava abaixo do nível do piso superior e deteriorada pela umidade. E a cobertura do banho superior (o que anteriormente era um pequeno dormitório de serviços), também estava deteriorada, então ao invés de realizarmos novo vigamento de madeira, fizemos também laje de concreto aparente, marcando e destacando a intervenção neste trecho da casa.

MDC – O autor do projeto teve participação no processo de construção/implementação da obra? Se sim, quais os momentos decisivos dessa participação?

E.E. – Sim, ao longo de todo o processo da obra foram realizadas duas visitas semanais. Todas as definições e eventuais alterações de projeto foram validas in loco com a participação de todos os envolvidos, inclusive os clientes. O que ajudou muito na dinâmica e ritmo da obra. Foi uma obra realizada com horário restrito durante a pandemia, o que somou mais um desafio para todos.

MDC – Você destacaria algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

E.E. – Sem dúvida, a relação com o pátio. Como comentado anteriormente, a relação entre os espaços internos e externos da casa se fez de forma contínua, propondo novas espacialidades e materialidades. Além de fazer com que o muro de arrimo existente, típico pela topografia do bairro, ganhasse presença e visibilidade a partir de diversos ambientes da casa. E também a relação com o córrego Saracura, pois numa cidade onde a maioria dos córregos são canalizados, a fonte e o caminho d´água propostos não são apenas elementos poéticos, mas tratam também da memória do bairro, da cidade.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, faria algo diferente?

E.E. – Acreditamos que cada projeto apresenta questões específicas, embora seja possível prever estratégias de projeto neste tipo de situação existente.  E também com o passar do tempo, experiências vividas e pesquisas realizadas vão somando às novas propostas e novas ideias.

MDC – Como você contextualiza essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

E.E. – É uma obra de pequena escala, de uso residencial, mas que faz parte de uma demanda bem comum de trabalho da minha geração.

MDC – Há algo relativo ao projeto e ao processo que gostaria de acrescentar e que não foi contemplado pelas perguntas anteriores?

E.E. – A Casa Saracura foi selecionada para participar do 9º Prêmio de Arquitetura Akzonobel em 2023 ao lado de outros 9 projetos, para minha grande surpresa. Projetos de pequena escala raramente são contemplados em premiações / exposições de Arquitetura, e esta participação, sem dúvida, fez com que o projeto ganhasse importância no panorama nacional da produção contemporânea. Além da participação da exposição, algumas atividades foram realizadas, como a própria visita à casa com público externo e a publicação do projeto no catálogo desta edição do prêmio.


projeto executivo


SÉRIE 100:
DESENHOS GERAIS

16 formatos (pdf).
5,38mb


SÉRIE 200:
PISO, FORRO E ELÉTRICA

9 pranchas (pdf).
3,05mb


SÉRIE 300:
AMPLIAÇÃO ÁREAS MOLHADAS

4 pranchas (pdf).
1,17mb


SÉRIE 400:
AMPLIAÇÃO CAIXILHOS

5 pranchas (pdf).
0,57mb


ficha técnica

Local: São Paulo, SP
Ano de projeto: 2020
Ano de conclusão: 2022
Período de execução: Maio 2021- Março 2022
Área do terreno: 105 m²
Área do projeto: 143 m²
Arquitetura: Marina Panzoldo Canhadas
Colaboradores: Joaquin Gak, André Nunes e Andrei Silva


Reforço Estrutural:
Eduardo Orellana
Construtor:
Eduardo Napchan


Fotos: Pedro Kok e Marina Panzoldo Canhadas (obra)


galeria


colaboração editorial

Renan Maia

deseja citar esse post?

CANHADAS, Marina Panzoldo. “Casa Saracura”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., mar-2024. Disponível em //www.28ers.com/2024/03/12/casa-saracura. Acesso em: [incluir data do acesso].


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//28ers.com/2024/03/12/casa-saracura/feed/ 0 15917
PEDRO KOK – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2023/10/26/casa-dos-terracos-circulares/ //28ers.com/2023/10/26/casa-dos-terracos-circulares/#respond Thu, 26 Oct 2023 12:07:51 +0000 //28ers.com/?p=14242 Continue lendo ]]> Por Denis Joelsons
8 minutos

Casa dos Terraços Circulares (texto fornecido pelos autores)

A casa dos terraços circulares é parte de um jardim projetado para o desfrute do bosque de mata atlântica.

Fotografia: Pedro Kok

Seu terreno, situado em um fundo de vale, não oferece um horizonte marcante. Nele, a paisagem é o grande espaço delineado pela copa das árvores. Confrontando a pendente natural do lote com as clareiras existentes, estabelecemos patamares em meio-nível.

Croqui do autor e Planta de cobertura

A casa se organiza nestes platôs, através de seu corte longitudinal, com usos coletivos mais próximos à rua e usos privativos mais próximos da divisa.

Cortes Longitudinais

Fotografias: Pedro Kok

O movimento estabelecido pelo desenho do chão garante o caráter espacial dos diferentes ambientes da casa, com seus pés-direitos variando em relação à cobertura horizontal.

Fotografias: Rodrigo Fonseca (com drone, no centro) e Pedro Kok

Uma varanda suspensa cobre a garagem e espelha a cota dos dormitórios – disposição onde a arquitetura ecoa a geografia do vale.

Fotografias: Pedro Kok

A geometria da casa é ortogonal, compatível com sua estrutura pré-fabricada em madeira. A geometria do jardim é estabelecida por curvas, buscando a melhor forma estrutural para os muros de arrimo e o encaixe adequado entre as árvores. Todos os ambientes possuem pelo menos dois acessos, reafirmando a ideia de percurso circular.

Plantas Térreo e Pavimento Superior

A contenção formal da casa contrasta com o perfil movimentado dos terraços circulares, sugerindo uma inversão da relação tradicional de subserviência entre embasamento e edificação. Neste caso, a regularidade da cobertura é o que suporta a variedade do desenho do chão.

Cortes Longitudinais

Cortes Transversais


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por Denis Joelsons (D..J.)

MDC – Como você contextualiza essa obra no conjunto de toda a sua produção?

D.J. – A casa dos terraços circulares é a materialização mais importante de minha trajetória até então. Ela incorpora reflexões de outros projetos e tem uma dimensão que me permitiu explorar espacialmente o percurso através da variação sucessiva nas proporções de diferentes ambientes. Este trabalho também marca um momento em minha produção em que tive segurança para propor elementos que não se justificam pelo critério estreito de sua funcionalidade ou de sua necessidade prática. É o caso da fachada translúcida que delimita a varanda e também dos muros de pedra que compõem os terraços circulares. Assumi critérios plásticos e argumentos mais subjetivos.

Penso que esta casa compõe uma trilogia com a casa da meia encosta (2013) e com a casa diorama (não construída, 2022). São casas onde o partido arquitetônico está diretamente atrelado a uma concepção paisagística. Uma abordagem muito semelhante em contextos completamente distintos pode ser vista nos três projetos.

A casa da meia encosta lida com a paisagem monumental da Mantiqueira, tem uma condição de mirante. A implantação tira proveito de um terrapleno preexistente e o desenho da cobertura inclinada enquadra um segmento específico da paisagem e está referenciado nessa geografia. O corte transversal é a síntese desse projeto.

A casa dos terraços circulares está na baixada de um vale, em um condomínio de casas. A paisagem foi construída através de platôs. A variação dos níveis engendra na escala da casa a confluência espacial característica do vale. A ordenação dos ambientes está estruturada no corte longitudinal.

A casa diorama se assenta em uma planície um tanto descampada. É uma casa pátio, onde a porção contida da paisagem oferece um contraponto de escala para um trio de grandes árvores que balizou o desenho do muro e de suas aberturas. Aqui a noção de percurso e a graça na sucessão dos espaços depende sobretudo do desenho da planta.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

D.J. – Foi por contratação direta, inicialmente o cliente planejou uma concorrência entre três estudos preliminares. Preparei a primeira apresentação de forma bem persuasiva. Até onde sei, fui o primeiro a apresentar e com o início da pandemia anunciado, decidiram seguir comigo antes da contratação dos estudos concorrentes.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Você destacaria algum momento significativo do processo?

D.J. – Depois de visitar o terreno, com o levantamento topográfico e arbóreo em mãos, especulei um pouco sobre a implantação da casa. A implantação é sempre a decisão mais importante. Logo cheguei à conclusão de que a posição da casa não deveria ser condicionada pelas clareiras existentes. A casa precisava ocupar o limite legal do fundo do lote, a porção mais alta do terreno, para incorporar o espaço delimitado pelas copas das árvores e aproveitar entrada de luz da maior clareira. Essa decisão orientou todas as outras.

O projeto passou por dois ajustes que não implicaram em nenhuma mudança de partido. O cliente pediu uma sala um pouco maior, que foi atendida com o acréscimo de 120cm no comprimento da casa. O ajuste mais trabalhoso foi fruto de um erro grande no levantamento topográfico. O jardim teve de ser inteiramente redesenhado e duas árvores acabaram ficando dentro da área dos terraços. O ajuste de cota das raízes foi feito através de um banco em um caso e de um fosso com grade em outro.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa do autor? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, pode comentar as mais importantes?

D.J. – Houve a colaboração do Hélio Olga e do Vinicius Barreto, da Ita construtora. Um ajuste na emenda da viga longitudinal permitiu a remoção de um pilar que eu havia previsto entre os ambientes de estar e jantar. A Ita também exigiu que a varanda externa fosse coberta, para garantir a durabilidade da madeira. No estudo preliminar eu havia pensado apenas em um pergolado.

MDC – O autor do projeto teve participação no processo de construção/implementação da obra?

D.J. – Durante a obra realizei visitas semanais, ocasionalmente duas vezes na mesma semana. Ajustes pontuais atenderam às contingências da obra. Adequando os desenhos através do diálogo com a mão de obra.

MDC – Você destacaria algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

D.J. – Inicialmente a casa foi pensada como uma casa de veraneio, logo após a sua conclusão os clientes decidiram mudar-se definitivamente para lá e alugaram o apartamento em que moravam em São Paulo. Um dos clientes é fotografo e a casa e o jardim também têm sido muito utilizados em locações publicitárias. Curiosamente o catering é montado no espaço da garagem. Algumas das filmagens que vi utilizam o espaço do jardim, da varanda e da cozinha.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, faria algo diferente?

D.J. – Enfrentando a mesma demanda e as mesmas condicionantes não, mas quando me deparei com a casa diorama, que tem uma dimensão parecida, pensei em outras soluções para as esquadrias e adotei o módulo de 125cm ao invés do de 60cm. Sem as restrições impostas pela legislação, um pequeno acréscimo na largura dos quartos seria possível e bem-vindo.

MDC – Como você contextualiza essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

D.J. – Em primeiro lugar, atualmente a arquitetura brasileira já é uma produção de exceção e muito pequena no cenário da construção civil. Neste recorte ainda estamos tratando de uma residência privada. No contexto da nossa arquitetura contemporânea eu penso que a casa dialoga com outras práticas atentas aos processos construtivos no canteiro de obras e anteriores a ele. Obras mais leves e grosso modo menos artesanais, preocupadas em dirimir de algum modo o impacto ambiental da construção civil.

Neste cenário é comum que o desenho da estrutura assuma protagonismo e por vezes incorpore peripécias técnicas de caráter demonstrativo. Muitas obras em estrutura pré-fabricada em madeira ou aço são concebidas como objetos autorreferentes, resolvidos internamente. Acredito que o mérito da casa dos terraços circulares está mais ligado à interpretação propositiva das características do local e de suas qualidades espaciais do que a questões de sua materialidade ou construção. Gosto de pensar que é impossível apresentar a casa dissociada de seu contexto, como objeto ela não se sustenta. Também penso que a reaproximação entre arquitetura e paisagem (inclusive urbana), sem que haja subserviência de uma disciplina à outra, é algo desejável para a nossa prática hoje.

MDC – Há algo relativo ao projeto e ao processo que gostaria de acrescentar e que não foi contemplado pelas perguntas anteriores?

D.J. – Acredito que cobrimos bem o processo de concepção da casa.


projeto executivo


PARTE 1:
PLANTAS E CORTES + DECK TERRAÇO E COBERTURA

10 pranchas (pdf).
8,50mb


PARTE 2:
MARCENARIA + ESQUADRIAS + PORTAS + BANHEIROS

21 pranchas (pdf).
13,40mb


PARTE 3:
DETALHAMENTO ZENITAIS + LAREIRA + ESCADAS

5 pranchas (pdf).
3,02mb


PARTE 4:
ELÉTRICA

4 pranchas (pdf).
4,04mb


ficha técnica

Local: Cotia, SP
Ano de projeto: 2020
Ano de conclusão: 2022
Área do terreno: 1.334 m²
Área construída: 253 m²
Arquitetura: Denis Joelsons
Colaboradores: João Marujo e Gabriela da Silva Pinto


Construção (obra civil):
Caio Martinez
Projeto de instalações:
Renan de Sousa
Estrutura de Madeira: Ita Construtora
Execução dos muros de pedra: Bizarri Pedras
Piso cerâmico: Gail
Execução das esquadrias de madeira e deck: Zé Madeiras
Venezianas de vidro: Persolly
Luminárias: Reka


Fotos: Pedro Kok e Rodrigo Fonseca (Drone)


galeria


colaboração editorial

Renan Maia

deseja citar esse post?

JOELSONS, Denis. “Casa dos Terraços Circulares”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., out-2023. Disponível em //www.28ers.com/2023/10/26/casa-dos-terracos-circulares. Acesso em: [incluir data do acesso].


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//28ers.com/2023/10/26/casa-dos-terracos-circulares/feed/ 0 14242
PEDRO KOK – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2023/08/25/sede-sebrae-nacional/ //28ers.com/2023/08/25/sede-sebrae-nacional/#respond Fri, 25 Aug 2023 15:13:50 +0000 //28ers.com/?p=12283 Continue lendo ]]> por gruposp + Luciano Margotto
15 minutos

Sede SEBRAE Nacional (memorial do concurso 2008)

“Pátio, céu canalizado.
O pátio é o declive pelo qual se derrama o céu na casa.?br>Jorge Luis Borges


O partido adotado no projeto responde a um só tempo às condicionantes urbanísticas de Brasília – incluindo as características topográficas do terreno – e ao caráter da arquitetura que se pretende para a nova sede do SEBRAE NACIONAL. O que se propõe não é um edifício, mas um conjunto arquitetônico com: 1) ênfase na espacialidade interna, objetivando a integração dos usuários assim como da paisagem construída e natural; 2) máxima flexibilidade para a organização dos escritórios; 3) preocupação em se obter ótimo desempenho ambiental e econômico.

Fotografia: Nelson Kon

o pátio

Todo o conjunto se desenvolve a partir de uma espacialidade interior. Desenvolvido em planta, o vazio adquire grande presença no interior do conjunto, na forma de pátio onde se localizam as atividades mais públicas. Ao redor desta praça interna, no térreo inferior encontra-se o espaço de formação e treinamento, salas multiuso, auditório, biblioteca e a cafeteria, enquanto no térreo superior estão os principais acessos do conjunto, com varandas abertas à cidade e ao lago.

Plantas (1) térreo inferior; (2) térreo superior

Fotografia: Pedro Kok

A TOPOGRAFIA E O SENTIDO ESPACIAL: O TÉRREO MULTIPLICADO

São dois os térreos. Optou-se por abrir um plano construído abaixo do nível da soleira, integrando-o verticalmente ao nível dos acessos, como térreos multiplicados, iluminados e ventilados pelo espaço livre que os circunscreve, o que lhes concede expressão arquitetônica. O chão do edifício, público, é construído, portanto, distinto do terreno natural que o circunda, destinado às áreas verdes permeáveis.

Cortes transversais e longitudinais

Fotografia: Pedro Kok

A DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA

O arranjo do programa está diretamente ligado com a disposição das peças edificadas no terreno. Na base do conjunto (térreo inferior e térreo superior) encontram-se as funções coletivas, as atividades que por vezes recebem colaboradores ou público externo. Estes espaços estão organizados e articulados pela Praça de Estar, marcada ainda pela presença do auditório. As funções administrativas e o corpo diretivo estão concentrados nos pavimentos superiores. Nos pavimentos inferiores está localizada a garagem e as atividades administrativas relacionadas à serviços e manutenção predial.

Plantas (1) subsolo 1; (2) subsolo 2; térreo inferior (3); térreo superior (4); pav. tipo 1 (5); pav. tipo 2 (6).

OS ESCRITÓRIOS: MODULARIDADE E FLEXIBILIDADE

O projeto dos espaços de trabalho admite alterações de arranjos, tanto para os espaços, quanto para os componentes de instalações prediais e de infraestrutura ?piso elevado, forro e ausência de pilares no meio dos pavimentos. A área disponível para os escritórios é, realmente, livre.

ARTICULAÇÃO, CIRCULAÇÃO E INFRAESTRUTURA

Para conectar todos os setores, criou-se uma estrutura periférica dupla – dois castelos de circulação vertical, infraestruturas e apoios diversos – com múltiplas possibilidades de ligação: escadas, varandas e elevadores coletivos ou privativos promovem a comunicação entre os diversos espaços. A circulação incorpora no desenho do percurso cotidiano o vazio central, acentuando sua presença. Todas as redes de infraestrutura se distribuem para o conjunto a partir de lajes com instalações (forros e pisos elevados) e dutos verticais especializados (shafts).

ACABAMENTO E EXPRESSÃO ARQUITETÔNICA

A expressão arquitetônica do conjunto arquitetônico proposto está estreitamente vinculada às decisões de projeto que concorrem no sentido de proporcionar uma obra organizada e eficiente com redução estratégica das ações construtivas. As estruturas serão tratadas e permanecerão aparentes, evidenciando-se a plasticidade do aço e concreto. Os painéis metálicos quebra-sóis garantem a integridade do conjunto. Em linhas gerais o edifício contrastará a cor natural dos materiais utilizados, o branco da estrutura metálica, o azul do céu e o verde da paisagem envoltória.

Fotografia: Nelson Kon

O conjunto edificado, com o térreo aberto permitirá visuais alongadas, sublinhando a possibilidade de extensão do chão público sem comprometer o gabarito que resguarda o céu de Brasília e que estará presente no grande espaço central conformado. Finalmente, a delicada curva do castelo de serviços na face norte, além de ceder parte do terreno para cidade marca a singularidade desta construção, nem pretensamente palácio nem isolada, mas superfície convergente e multiplicadora da urbe, sua história, sua vida.

Fotografias: Pedro Kok


Brasília 60 anos (Texto escrito para o site do CAU BR, 2020), por Alvaro Puntoni

Voltei a Brasília depois de quase 25 anos sem ir1, em 2007, a convite de um seminário na UnB. Me lembro que no primeiro dia após jantarmos, resolvemos caminhar pelo meio das superquadras desfrutando destes espaços intermediários entre as lâminas habitacionais suspensas do chão. A ideia de estar na “cidade rodoviária?e estar ouvindo o trilar contínuo dos grilos e o silêncio sentido era uma sensação realmente encantadora. Pensamos, num momento de insanidade, de irmos assim caminhando nestes bosques urbanos sucessivos até o hotel que ficava no setor hoteleiro, mas resolvemos depois de algum tempo caminhando livremente pelos térreos abertos, ruas e jardins, pegar um táxi.

Esta ideia de um chão público, a “superfície diferenciada?da nova capital, conforme descrição do próprio Lucio Costa, já havíamos sublinhado em um concurso para a sede do IPHAN em 2006, quando propusemos um edifício que pairava sobre este chão do Cerrado. A este primeiro ensaio de uma arquitetura possível em Brasília seguiram outros, todos frutos de concursos públicos promovidos pelo IAB.2

Nos parecia um sonho impossível e distante, como arquitetos de São Paulo, termos a possibilidade de fazer um edifício em Brasília e participar do diálogo, a coexistência de diferentes lógicas. Poder contribuir com uma frase a mais no livro que é esta cidade que nos encanta.

Em 2007 nosso desenho para a sede da CAPES3 continha esta mesma visão de um chão liberado com serviços instalados em estruturas laterais de concreto que suportavam as estruturas metálicas passantes dos espaços de trabalho. O mesmo conceito que utilizamos em 2008 no concurso (promovido pelo IAB DF) para o SEBRAE.

A sede do SEBRAE Nacional foi uma experiência incrível para todos nós. Primeiro por representar a realização deste sonho de construir em Brasília. Depois pela oportunidade que tivemos durante a obra de visitar por 52 vezes o canteiro e, consequentemente, estarmos em Brasília neste período de 18 meses e poder conhecer melhor a cidade e seus habitantes.

Procuramos neste projeto fazer uma arquitetura que se ajustasse e se conciliasse ao máximo com Brasília em todos os seus aspectos históricos, ambientais, culturais e urbanos. Apesar de todas as dificuldades que tivemos no processo do projeto à obra, de convencimento (dos clientes, empreiteira e, até mesmo, o poder público) e, depois, na apropriação da obra, sentimos que mesmo com todos os desaforos e magoas o prédio vai resistindo ao tempo, passados agora 10 anos da sua inauguração. Desta experiência ficam os amigos que fizemos e um prédio austero inserido na paisagem e conciliado com a urbe “costiana?

Despois ainda tivemos a oportunidade de participar de outros concursos: a sede do CAU IAB4 em 2016, quando retomamos as ideias ensaiadas na sede do IPHAN 10 anos atrás, o Centro Educacional Crixá-DF em 20185 e a Arena Brasília em 20196.

Mas, destes projetos recentes, destacamos o Concurso Internacional para a Orla Livre do Paranoá7. Nesta participação fizemos como uma declaração de amor por esta cidade tão querida para nossa arquitetura e cara para nossa existência como brasileiros. Além dos 80 faróis que balizavam a Orla a cada quilometro, lembrando da sua existência durante a noite, gostávamos da proposta de um banco, um equipamento urbano, pensado como um edifício, que teria 80 km de extensão, que submergia e voltava a aparecer, organizando a ciclovia e o passeio de pedestre, além de ser a luminária horizontal deste plano de mobilidade ativa que circunvalaria a lago. Neste banco estariam impressos aleatoriamente páginas de livros, como por exemplo o do Lucio Costa, e um usuário poderia ir assim, caminhando e sentando, descobrindo e desfrutando partes destes livros, que fariam do estar urbano uma descoberta cotidiana.

Como devem ser as cidades históricas: uma descoberta nova a cada dia.

Como penso ser Brasília agora.

1 – Minha última ida a Brasília havia sido em 1991 por ocasião da premiação do Concurso do Pavilhão de Sevilha no Itamaraty.
2 – Na realidade nosso primeiro concurso em Brasília foi para a sede do CONFEA em 1996, em associação com Ângelo Bucci.
3 – Realizado em parceria com Luciano Margotto. Neste concurso obtivemos uma menção honrosa.
4 – Neste concurso obtivemos o quinto lugar.
5 – Neste concurso obtivemos o terceiro lugar.
6 – Em associação com MRGB arquitetos;
7 – Realizado em 2018, associado aos escritórios Burgos&Garrido (Espanha), Arquipélago, Eduardo Gianni e Ornaghi Paisagismo, quando obtivemos uma menção honrosa.


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por gruposp (gSP)

MDC – Como você contextualiza essa obra no conjunto de toda a sua produção?

gSP – Sem dúvida é uma das nossas obras mais importantes. Por sua escala, por seu programa institucional e público e por estar em Brasília, o que é um sonho para nós arquitetos: ter uma obra em Brasília.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

gSP – Foi por meio de um concurso público organizado pelo IAB-DF em 2008. O concurso foi realizado em duas etapas. Na primeira etapa eram entregues 6 pranchas A3, todas previamente diagramadas pelo termo de referência do concurso, o que é interessante por equalizar as propostas e facilitar a comparação. A segunda fase teve três participantes e cada proposta deveria ser apresentada em 8 pranchas A0 com um modelo. O coordenador deste concurso foi o arquiteto Haroldo Pinheiro que organizou de forma precisa e rigorosa.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Você destacaria algum momento significativo do processo?

gSP – Este projeto – realizado pelo gruposp arquitetos em associação com o arquiteto Luciano Margotto –culmina uma genealogia de projetos iniciada em 2004 com o Museu do Ouro em Sabará, passando pela Casa do Querosene, pela Nova Sede do IPHAN em Brasília, além do projeto para Sede da CAPES em Brasília, Habitação Social em Manaus e os primeiros estudos para o Edifício Simpatia.

Nestes projetos a ideia principal foi de concentrar todos os serviços em faixas infraestruturais de modo a permitir a liberação de vazios amparados para a vivência. Estas faixas são simultaneamente os componentes estruturais que se constituem em características expressivas e protagonistas da arquitetura proposta.

Outro aspecto relevante é a manutenção da leitura do sítio original a partir de uma implantação que não obstrua a possibilidade de situar-se no território, permitindo a visualização da cidade a partir dos espaços internos.

O terreno situa-se junto ao eixo rodoviário-habitacional, próximo à área das embaixadas no lado sul da cidade de Brasília, na continuidade do eixo comercial da superquadra, apresentando esta declividade típica de Brasília, situada junto ao vale que se lança em direção ao Lago Paranoá. O conceito do projeto era manter livre o chão de Brasília como uma continuidade deste solo público, a partir das superquadras habitacionais. Teríamos dois térreos: um superior e outro inferior onde situam-se os programas mais coletivos e abertos ao público externo do SEBRAE.

No térreo superior temos apenas os espaços de acolhimento e acessos. Dois espelhos d’água garantem um microclima interno mais agradável, importante em uma cidade como Brasília. Importante destacar a questão climática. Como se sabe temos um clima que permite pensar e fazer uma arquitetura mais aberta. No caso do SEBRAE os elevadores e escadas estão sempre relacionados com os espaços externos, reforçando aspectos característicos da arquitetura brasileira.

Finalmente nos dois últimos pavimentos – uma estrutura aérea metálica que paira sobre este chão e conforma um pátio interno central – estão os escritórios, ocupando planos abertos e flexíveis, conformado pela estrutura metálica que se vincula com os castelos infraestruturais de concreto.

Nos cortes é possível compreender a relação do edifício com a topografia que permite a organização do programa. Além disto destacamos alguns elementos estruturais: as varandas são lajes atirantadas em vigas que vencem o vão de 36 metros. Isto foi realizado para evitar colunas que interferissem nos programas do térreo inferior, como o auditório, por exemplo. Outro elemento importante é o que chamamos de “nuvem? uma estrutura de aço e vidro que abriga a circulação de pedestres no térreo do edifício.

Outra ideia a ser destacada é a concepção da sequência construtiva. Temos uma estrutura de concreto até o nível dos escritórios e depois uma construção por montagem a partir deste nível quando começa a estrutura de aço. Imaginou-se uma sequência construtiva desta forma: primeiro todos os elementos de concreto, em seguida a estrutura metálica e as lajes, e, finalmente, os fechamentos metálicos e vidros.

Apesar de claramente possível, em função do tempo de 18 meses para execução, ela foi feita de maneira simultânea. A obra foi bem realizada apesar dos percalços de um processo que levou três anos entre o concurso e a conclusão da obra.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, pode comentar as mais importantes?

gSP – Os projetos de arquitetura são marcados pela interlocução entre as múltiplas disciplinas que, no final, viabilizam a realização do projeto e a execução da obra. Nesse sentido, claro que ocorreram ajustes ao longo do processo, desde aspectos legais relacionado a aprovação do projeto pelo GDF (Governo do Distrito Federal) até questões específicas de instalações gerais. Mas é o projeto estrutural que mais solicitou ajustes, apesar de termos trabalhados com os engenheiros (Zaven & Fruchtengarten) desde a concepção do projeto na primeira e segunda etapas do concurso. Mas é interessante destacar que a obra mantém muita semelhança em relação ao projeto apresentado na segunda etapa do concurso.

MDC – Os autores dos projetos tiveram participação no processo de construção/implementação da obra? Se sim, quais os momentos decisivos dessa participação?

gSP – Por solicitação do SEBRAE prestamos um serviço de acompanhamento da obra (não se tratou de uma fiscalização, para a qual foi contratado um engenheiro, mas uma assessoria técnica à realização da obra). Realizamos 52 visitas à obra (que compreende o período de março de 2009 até novembro de 2010). As visitas eram quase que quinzenais e organizadas por pautas previamente estabelecidas a partir dos relatórios elaborados pela arquitetura e a partir de demandas da fiscalização ou da própria construtora.

MDC – Você destacaria algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

gSP – Os relatos (e agradecimentos) dos usuários nas visitas realizadas após a ocupação do edifício sempre foram o que mais nos emocionou. Por exemplo, a possibilidade de funcionários que antes não se encontravam ou se viam, agora podiam ter esta experiência, promovida pela arquitetura.

Outra história legal é que o interesse de visitação do edifício, sobretudo por parte de arquitetos e estudantes de arquitetura, fez com que o SEBRAE criasse um programa de visita guiada, com uma publicação e criação e uma vaga de trabalho para esta finalidade.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, faria algo diferente?

gSP – Provavelmente sim, afinal de contas como nos lembra Heráclito, não somos os mesmos arquitetos depois de 15 anos. Na realidade, esta questão do tempo da obra – os tempos da arquitetura – faz os arquitetos continuamente repensarem o que estão fazendo. Afinal de contas, quando fica pronta a obra, diz respeito a uma ideia de outro momento passado, como uma espécie de cápsula do tempo. Se não temos esta noção, dificilmente podemos fazer as revisões críticas necessárias para seguirmos adiante, contribuindo para o avanço disciplinar de nossa atividade.

MDC – Como você contextualiza essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

gSP – É uma obra representativa por advir de um concurso público bem-sucedido. Houve também algumas premiações, mas estas são consequências de um trabalho bem realizado.


projeto executivo


PARTE 1:
CONCURSO ETAPAS 1 E 2

25 pranchas (pdf).
40,27mb


PARTE 2:
ANTEPROJETO

12 pranchas (pdf).
10,67mb


PARTE 3:
PROJETO LEGAL

12 pranchas (pdf).
9,47mb


PARTE 4.1:
PROJETO EXECUTIVO – 01
PLANTAS E IMPLANTAÇÃO + CORTES E ELEVAÇÕES

71 pranchas (pdf).
61,48mb


PARTE 4.2:
PROJETO EXECUTIVO – 02
PISO, FORRO E ELÉTRICA + DETALHES

23 pranchas (pdf).
35,05mb


PARTE 4.3:
PROJETO EXECUTIVO – 03
ÁREAS MOLHADAS, AMPLIAÇÕES,
ESQUADRIAS, AUDITÓRIO E OUTROS


96 pranchas (pdf).
83,89mb


PARTE 5:
COMUNICAÇÃO VISUAL

37 pranchas (pdf).
27,61mb


localização e ficha técnica do projeto

Local: Brasília, DF
Ano de projeto: 2008
Ano de execução e conclusão da obra: 2009 e 2010
Área do Terreno: 10.000,00 m²
Área Construção: 25.000,00 m²
Concurso Nacional: 1º Prêmio
Arquitetura, Comunicação Visual, Ambientação e Mobiliário: Alvaro Puntoni, João Sodré, Jonathan Davies, Luciano Margotto.
Colaboração: Amanda Spadotto, Cristina Tosta, Camila Obniski, Daniela Pochetto, Fabiana Cyon, Flavio Castro, João Carlos Yamamoto, José Paulo Gouvêa, Juliana Braga, Luis Cláudio Dias, Roberta Cevada, André Nunes, Julia Valiengo, Julia Caio, Isabel Nassif, Rafael Murolo, Rafael Neves, Raphael Souza


Estrutura: Jorge Zaven Kurkdjian, Julio Fruchtengarten
Paisagismo: Fernando Magalhães Chacel, Sidney Linhares
Luminotécnico: Ricardo Heder
Hidráulica / Elétrica: Wang Mou Suong, Ulisses Tavano, Roberto Chendes
Climatização: Eizo Kosai, Thermoplan Engenharia Térmica Ltda.
Eco-eficiência: Luis Carlos Chichierchio, Juliette Haase de Azevedo
Automação / Segurança predial / Áudio e Vídeo: Roberto Luigi Bettoni, Aires Craveiro, Victor Vainer
Transporte Vertical: Moacyr Motta
Impermeabilização: Virginia Pezzolo
Contenções: Engedat Consultoria e Projeto Ltda
Caixilhos: Andre Mehes, Dinaflex Ltda.
Orçamento: Mauro Zaidan, Nova Engenharia Ltda.
Painel Artístico: Ralph Gehre
Maquete: Gaú Manzi, Fabio Gionco, José Paulo Gouvêa
Construção: Termoeste SA Construções e Instalações

Fotos: Nelson Kon e Pedro Kok
Contato: contato@gruposp.28ers.com


galeria


colaboração editorial

Renan Maia

deseja citar esse post?

PUNTONI, Alvaro. SODRÉ, João. DAVIES, Jonathan. MARGOTTO, Luciano. “Sede SEBRAE NACIONAL”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., ago-2023. Disponível em //www.28ers.com/2023/08/25/sede-sebrae-nacional/ . Acesso em: [incluir data do acesso].


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//28ers.com/2023/08/25/sede-sebrae-nacional/feed/ 0 12283