Pritzker 2011 – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com Tue, 05 Apr 2011 01:36:45 +0000 pt-BR hourly 1 //i0.wp.com/28ers.com/wp-content/uploads/2023/09/cropped-logo_.png?fit=32%2C32&ssl=1 Pritzker 2011 – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com 32 32 5128755 Pritzker 2011 – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2011/03/31/eduardo-souto-de-moura-recebe-o-pritzker-2011/ //28ers.com/2011/03/31/eduardo-souto-de-moura-recebe-o-pritzker-2011/#respond Thu, 31 Mar 2011 20:16:55 +0000 //28ers.com/?p=5951 Continue lendo ]]>

A cerimônia de premiação será dia 2 de junho, em Washington

Eduardo Souto de Moura foi anunciado, neste dia 28, o vencedor do Pritzker Architecture Prize 2011. O arquiteto, de 58 anos, foi o segundo português a receber o Pritzker, depois da premiação de Álvaro Siza, em 1992. Segundo Souto de Moura, “o fato de ser a segunda vez que um arquiteto português é escolhido a torna ainda mais importante”.

 

A obra do arquiteto já foi reconhecida em diversos prêmios ao longo de sua carreira. Os principais foram o Prêmio Pessoa (1998), o Prêmio Secil de Arquitetura (1992 e 2004), o 1º Prêmio da Bienal Ibero-Americana (1998), o Prêmio Internacional da Pedra na Arquitetura (1995), a Medalha de Ouro Heinrich Tessenow (2001) e o Prêmio Internacional de Arquitetura de Chicago (2006). Além disso, neste ano, Souto de Moura foi indicado também ao Prêmio Mies van der Rohe 2011, pelo Museu Paula Rego.

Souto de Moura trabalhou para Álvaro Siza, ainda quando estudante, e como arquiteto realizou mais de 60 projetos desde 1980, quando abriu seu próprio escritório. Sua obra desenvolveu-se principalmente em Portugal, mas também está presente na Espanha, Itália, Alemanha, Reino Unido e Suíça. Os projetos são bastante variados, em uso e escala: de residências unifamiliares a um sistema de metrô, passando por um cinema, shopping centers, hotéis, apartamentos, escritórios, galerias de arte e museus, escolas e estádios esportivos.

Abaixo, transcrevemos a citação do júri:

“Nas últimas três décadas, o arquiteto português Eduardo Souto de Moura produziu uma obra que pertence ao nosso tempo mas também carrega valores da arquitetura tradicional. Sua produção é uma prova convincente do potencial expressivo da linguagem moderna e da adaptabilidade em situações locais distintas. Sempre atento ao contexto, compreendido num sentido amplo, e fundamentado no espaço, no tempo e na função, a arquitetura de Souto de Moura reforça um senso histórico enquanto expande os territórios da expressão contemporânea.

Já em seus primeiros trabalhos, datados da década de 80, Souto de Moura teve um desenvolvimento consistente que nunca adotou os modismos de época. Nesse tempo, ele estava totalmente fora das tendências, tendo desenvolvido seu estilo próprio durante o auge do pós-modernismo. Se vistas dos tempos atuais, as edificações mais antigas poderiam parecer comuns, mas devemos lembrar como foram corajosas em seu tempo.

A versalidade de sua prática é evidente na variedade de encargos que tem empreendido com sucesso. Ele é capaz de desenhar desde a escala doméstica à urbana. Muitos dos seus trabalhos na década de 80 foram casas unifamiliares e perduravam em meio a seus trabalhos seminais. De qualquer forma, o escopo de seu trabalho se expandiu: o Estádio Municipal de Braga, Portugal, projetado em 2000, é muscular, monumental e bastante familiar dentro de sua poderosa paisagem; a Torre Burgo, Portugal, projetada no início dos anos 90 e construída uma década depois, consiste em dois edifícios lado a lado, um vertical e um horizontal com diferentes escalas, dialogando um com o outro e com a paisagem urbana; o Museu Paula Rego, completado em 2008, um conjunto de volumes entremeados nas árvores de seu terreno em Cascais, Portugal, é ao mesmo tempo urbano e íntimo, sendo assim apropriado para exposição de obras de arte.

E m sua aparente simplicidade formal, as edificações de Souto de Moura compõe uma série de complexas referências às características da região, da paisagem, do local, e ainda mais vastas à história da arquitetura. Frequentemente geometrias simples são realçadas através de interações entre cheios e vazios ou luz e sombra. A restauração e adaptação do Monastério de Santa Maria do Bouro a um hotel levou um prédio da ruína à reinterpretação. Souto de Moura criou espaços que são coerentes com sua história e modernos em concepção. A efetivação de seus trabalhos geralmente se origina de uma justaposição de elementos e conceitos. Sua capacidade única de absorver a realidade ao mesmo tempo em que aplica a abstração cria uma linguagem arquitetônica que transforma aspectos físicos em metafísicos.

Souto de Moura é um arquiteto fascinado pela beleza e autenticidade dos materiais. Seus conhecimentos construtivos e destreza com materiais estão sempre refletidos em seus projetos. Ele tem segurança em usar pedra de mil anos atrás ou de inspirar-se por um detalhe moderno de Mies van der Rohe. O uso bem pensado do cobre, da pedra, do concreto e da madeira no Centro Cultural em Porto, completado em 1991, por exemplo, é um testamento de sua habilidade de combinar materiais expressivamente. Ao modificar pavimentação, texturas, trajetos e espaços públicos para o sistema de metrô de Bom Jesus, Portugal, em 2007, alcançou uma riqueza incomum com a sutil gradação no concreto de suas paredes exteriores.

A arquitetura de Eduardo Souto de Moura não é óbvia, frívola ou pitoresca. Ela tem inteligência e seriedade. Seu trabalho requer uma contemplação intensa, não apenas um breve olhar. E como poesia, é capaz de comunicar com emoção àqueles que tiram tempo para ouví-la. Seus edifícios têm uma habilidade única de transmitir de forma conveniente características conflitantes – poder e modéstia, vaidade e delicadeza, clara autoridade pública e senso de familiaridade – ao mesmo tempo. Para a arquitetura que aparenta fácil, serena e simples, e para o cuidado e a poesia que permeiam cada projeto, Eduardo Souto de Moura recebe o Prêmio Pritzker 2011.”

Júri: Lord Peter Palumbo, Alejandro Aravena, Carlos Jimenez, Glenn Murcutt, Juhani Pallasmaa, Renzo Piano, Karen Stein e Martha Thorne (diretor executivo).

Fonte: Fundação Pritzker.


Colaboração editorial: Débora Andrade

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