Tijolos cer芒micos – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com Thu, 29 Aug 2024 22:06:38 +0000 pt-BR hourly 1 //i0.wp.com/28ers.com/wp-content/uploads/2023/09/cropped-logo_.png?fit=32%2C32&ssl=1 Tijolos cer芒micos – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com 32 32 5128755 Tijolos cer芒micos – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2024/08/29/hospital-veterinario-escola-da-unileao/ //28ers.com/2024/08/29/hospital-veterinario-escola-da-unileao/#respond Thu, 29 Aug 2024 22:04:41 +0000 //28ers.com/?p=18083 Continue lendo ]]> Por Lins Arquitetos Associados
6 minutos

Hospital Veterinário Escola da Unileão (texto fornecido pelos autores)

O Hospital Veterinário Escola da Unileão é um equipamento pertencente ao curso de medicina veterinária do centro universitário Unileão. Ele tem como objetivo atender animais de pequeno e grande porte da região, além de capacitar os alunos através da prática das atividades, sempre sob supervisão dos professores.

Fotografias: Joana França

O equipamento funciona 24 horas por dia e conta com um grande programa contendo setores de urgência, clínicas, exames laboratoriais e de imagem, internação, centro cirúrgico e fisioterapia, tudo isso para pequenos e grandes animais, o que reflete diretamente nos fluxos e no dimensionamento do edifício. Para além da prática, ou seja, do atendimento direto aos animais, o equipamento também conta com um grande centro de ensino e pesquisa, com diversos laboratórios, salas de aula e espaços livres, onde são desenvolvidas e aprimoradas tecnologias e práticas voltadas para realidade local. É o primeiro hospital veterinário da região a ser construído.


O equipamento está localizado no sertão do Cariri, sul do estado do Ceará, Nordeste do Brasil, uma região que apresenta uma heterogeneidade cultural e social bastante diversificada. É uma das regiões de maior originalidade cultural do país, com destaque para as suas manifestações populares (festas, folclores) e seu artesanato, algo que o torna um dos principais alvos para estudos antropológicos e históricos do Nordeste.

Sua pluralidade cultural é resultado da miscigenação de diversos povos, que trouxeram consigo o artesanato, a música e a gastronomia, e conservaram manifestações da cultura popular como: produção de cordéis (literatura popular), artesanato, principalmente em madeira, couro e argila, Festas de Pau de Bandeira e várias expressões das festas juninas, além de penitências religiosas. Apesar disso, ainda é uma região bastante periférica, com baixos investimentos econômicos e uma persistente desigualdade social.

O clima local é o semiárido com altas temperaturas ao longo de todo o ano e chuvas concentradas no primeiro semestre que fazem com que a umidade relativa do ar nos últimos meses do ano seja bem baixa. O bioma local é a caatinga, que quer dizer mata branca em tupi guarani, e é o único bioma exclusivamente brasileiro. Sua vegetação é adaptada à escassez de água (presente no segundo semestre), perdendo suas folhas e evitando assim a perda de água. Ventos sopram geralmente de leste e sudeste ao longo do ano.

O local escolhido para abrigar as atividades do hospital está localizado dentro do campus Lagoa Seca, do centro universitário Unileão, uma zona de fácil acesso e ainda pouco adensada. Possui o campus totalmente aberto à população. Junto ao campus da UFCA – Universidade Federal do Cariri – , ao campus do IFCE – Instituto Federal do Ceará – , além de alguns colégios, todos bastante próximos, o Hospital integra o principal polo educacional da cidade.

Planta Pavimento Térreo, Pavimento Superior, Cobertura e Composição Formal do Hospital

Já o terreno propriamente dito possui um desnível de 7 metros ao longo de 150 metros de comprimento, gerando uma inclinação de aproximadamente 5% nesta dimensão. Tem um formato trapezoidal, onde a base maior (voltada a leste) possui 136,00m, a base menor (voltada a oeste) possui 102,00m, o lado voltado a norte com 150m e o lado voltado a sul com 130,00m. Sua área total, portanto, é de 15.206,17m².

Corte Perspectivado e Cortes A, B, C, D e E

O edifício parte da premissa de proporcionar muito conforto e bem-estar aos usuários, sejam eles animais ou pessoas. Para isso tivemos que adaptar o edifício ao clima existente, utilizar vegetação nativa ou adaptada ao lugar, além de valorizar a cultura, os materiais e a mão-de-obra da própria região, para que haja um fomento da economia local e o equipamento seja um combustível para a valorização do lugar.

Apresentação Elemento Vazado

A busca por uma fluidez espacial, com espaços dinâmicos, planos curvos e inclinados, busca uma maior associação com a natureza e o ambiente natural dos animais, facilitando o seu bem-estar e a sua adaptação, evitando desconfortos.

Quando se trata de equipamentos de saúde, o conceito de humanizar espaços é bem difundido, com pesquisa indicando a importância do espaço para a recuperação dos pacientes. Pois bem, este mesmo conceito foi utilizado também neste equipamento, só que agora também para os animais. “Humanizar animais?talvez seja um pouco inadequado, mas proporcionar o mesmo conforto que damos para nós, a eles, já é uma necessidade. Neste espaço, temos o mesmo tratamento, somos todos animais.

A ideia principal foi a concepção de uma grande coberta solta da edificação, proporcionando muita sombra para as atividades que acontecem logo abaixo. Essa coberta, em telhas metálicas e translúcidas, é sustentada por treliças metálicas curvas, como se fossem ondas, com interrupções estrategicamente posicionadas para permitir a renovação do ar e consequentemente a saída do ar quente.

As telhas translúcidas garantem o aproveitamento da luz natural. A grande sombra protege não só os edifícios abaixo como também todos os espaços livres entre eles, incluindo jardins, circulações, áreas de convivência, piquetes, ambulatório e recepção.

As atividades do hospital foram distribuídas em seis blocos (retangulares ou trapezoidais) afastados entre si, gerando espaços entre eles e permitindo a livre ventilação cruzada. Esses espaços são repletos de jardins que trazem umidade, gerando um microclima agradável e contribuindo para a regulação da temperatura, principalmente na época seca. O fechamento desses edifícios é feito em esquadrias de alumínio branco e vidro, moduladas, em faixas verticais e desencontradas, ora nascendo do topo, ora do piso, tornando as fachadas mais dinâmicas e captando a iluminação necessária para cada ambiente interno.

Uma grande proteção solar, de sete metros de altura, feita com tijolos cerâmicos maciços desencontrados, filtra a luz do sol intensa na região e protege o interior do edifício. Seu formato ondulado traz mais estabilidade para o elemento e dialoga com as curvas da coberta. Além da proteção solar na fachada poente, serve também de separação entre o setor público e privado do equipamento.


projeto executivo


ANTEPROJETO
15 pranchas (pdf).
25,27mb


EXECUTIVO
23 pranchas (pdf).
26,95mb


LUMINOTÉCNICO
03 pranchas (pdf).
6,71mb


INTERIORES
145 pranchas (pdf).
76,52mb


PAISAGISMO
02 pranchas (pdf).
10,80mb


ficha técnica

Local: Juazeiro do Norte, CE, Brasil
Ano de início da obra: 2019
Ano de conclusão do projeto: 2023
Área do projeto: 5.236,85 m²
Arquitetura, interiores e paisagismo: Lins Arquitetos Associados – Cintia Lins e George Lins
Colaboradores: Gabriela Brasileiro, Joyce de Deus, Alessandra Braga, Armênia Araújo, Alice Teles, Mayara Rocha, Lia Lopes, Samuel Melo, Camila Tavares, Caroline Braga, Cristiellen Rodrigues, Thais Menescal e Paula Thiers


Construção:
Ampla Engenharia
Instalações: Ampla Engenharia
Estrutura: Tiago Ivo
Cobertura: Vão Livre


Fotos: Joana França
Contato: contato@linsarquitetos.com.br

Premiação:
Obra do ano Archdaily Brasil – 2024


galeria


colaboração editorial

Ana Júlia Freire

deseja citar esse post?

LINS, Cintia. LINS, George. “Hospital Veterinário Escola da Unileão”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n.,ago-2024. Disponível em //www.28ers.com/2024/08/29/hospital-veterinario-escola-da-unileao/. Acesso em: [incluir data do acesso].


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//28ers.com/2024/08/29/hospital-veterinario-escola-da-unileao/feed/ 0 18083
Tijolos cer芒micos – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2024/03/27/academia-escola-unileao/ //28ers.com/2024/03/27/academia-escola-unileao/#respond Wed, 27 Mar 2024 18:15:15 +0000 //28ers.com/?p=16115 Continue lendo ]]> por Lins Arquitetos Associados
9 minutos

Academia Escola Unileão (texto fornecido pelos autores)

A academia-escola da Unileão está situada na cidade de Juazeiro do Norte/CE, região do Cariri, no meio do sertão nordestino. Ela serve de apoio ao curso de Educação Física do Centro Universitário, atendendo aos alunos e funcionários da instituição.

Fotografia: Joana França

O edifício foi acomodado em um platô pré-existente que direcionou sua implantação no sentido Leste-Oeste, ou seja, com grandes fachadas expostas a uma maior incidência solar todos os dias do ano. Essa situação não é a ideal para o clima semiárido brasileiro, por isso foram aplicadas estratégias de conforto ambiental para diminuir a temperatura no interior da edificação.

Fotografia: Joana França

O conjunto é formado por cinco círculos de raio 7.80m, sendo 6.00m de área útil e 1.80m de jardins. Cada círculo funciona como uma célula de setorização das atividades na qual temos duas destinadas às práticas de musculação, uma para a recepção e cantina, uma para a prática de atividades aeróbicas e a última para áreas de serviço e administração, como banheiros, depósitos, coordenação e sala de avaliação. Cada célula se conecta diretamente com a outra formando um conjunto alongado de aproximadamente 64 metros de comprimento. Três varandas ajudam na conexão dessas células e servem ora para marcar o acesso principal da academia, ora para o apoio ao treinamento funcional.

Composição formal e plantas: térreo e cobertura

Como forma de minimizar a incidência de luz solar diretamente no interior da edificação todas as fachadas foram pensadas em três camadas. A primeira delas, mais externa, tem como função filtrar a luz solar e é composta por uma paginação de tijolos cerâmicos maciços espaçados uns dos outros. Essa paginação traz tridimensionalidade à fachada além de criar um efeito de luz e sombra bem interessante. A segunda camada é composta por um jardim interno, com espécies vegetais adaptadas ao clima da região e que contribuem para gerar um microclima agradável. Por fim, a terceira camada, um pano de esquadrias pivotantes de vidro incolor que permite refrigerar a academia caso seja necessário.

Fotografias: Joana França

A coberta é composta por telhas termo-acústicas protegendo o interior do edifício do calor excessivo. O concreto aparente e o tijolo cerâmico maciço na sua cor natural são os materiais que se destacam. O piso utilizado é o industrial e todas as instalações são aparentes trazendo um caráter fabril ao interior do ambiente.

Fotografias: Joana França

Em síntese, o edifício se propõe a racionalizar a distribuição espacial, promovendo uma leitura fácil da setorização, ao mesmo passo que explora os estímulos tátil e visual através dos materiais, dos efeitos de luz e sombra e da vegetação, contribuindo com o conforto e permanência dos usuários.

Além disso, o edifício foi todo construído com mão-de-obra e materiais locais, contribuindo para uma menor pegada de carbono e valorização da economia do lugar. Isso foi de fundamental importância para reduzir custos e, ao mesmo tempo, valorizar nossas técnicas construtivas e os nossos materiais, integrando o usuário ao edifício, e o edifício à paisagem.

Fotografias: Joana França + Cortes


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por George Lins (G.L.)

MDC – Como você contextualiza essa obra no conjunto de toda a sua produção?

G.L. – É sem sombra de dúvidas a obra mais conhecida do nosso escritório, a que teve o maior alcance e o maior número de publicações. Foi vencedora do prêmio IABSP/2019 e Tomie Ohtake Akzonobel/2020, além de ser indicada ao prêmio Oscar Niemeyer/2020. Por tudo isso, ela tem uma importância enorme para a gente. O fato é que ela faz parte e dialoga com uma série de outras obras que fizemos dentro do Campus da Unileão, em Juazeiro do Norte/CE. Ela, juntamente com o edifício do NPJ e do Juizado Especial, compartilha muitas similaridades, apesar de terem programas de necessidades bem diferentes.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

G.L. – O mecanismo foi a contratação direta. A Unileão é um centro universitário privado situado na região do Cariri cearense e fomos contratados por eles para elaborar esse projeto específico, além de outros para os diversos campi que eles possuem espalhados pela região.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Você destacaria algum momento significativo do processo?

G.L. – O projeto nasceu com um programa maior e em um outro terreno. Após a apresentação do estudo ao cliente, este decidiu “enxugar” um pouco o programa de necessidades e mudar o terreno, deixando-a mais próxima de outros dois edifícios já existentes no Campus (NPJ e Juizado Especial). Após este fato, abandonamos totalmente o primeiro estudo e nos concentramos em setorizar ao máximo o programa de necessidades, gerando “células?de atividades. Essas células nasceram inicialmente em uma forma hexagonal onde as suas faces se conectavam umas às outras, como uma colmeia. Cada célula de atividade era um hexágono ao invés de um círculo. O edifício foi desenvolvido todo dessa maneira, porém, ao final do processo, vimos que a mudança do hexágono para o círculo não iria trazer prejuízos para o funcionamento das atividades propostas, além de trazer uma composição formal muito mais interessante, mais orgânica. Por fim, optamos por refazer as células, agora no formato circular, e reapresentar a nova proposta ao cliente, que aprovou de imediato e pudemos seguir em frente.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, pode comentar as mais importantes?

G.L. – Sempre dialogamos com os profissionais que elaboram os projetos complementares, desde a etapa do estudo preliminar. Propusemos soluções, discutimos com eles, sempre com o intuito de simplificar ao máximo as soluções construtivas em geral. Arquitetura, estrutura e instalações andam juntas. A partir disso, podemos antecipar problemas e incompatibilidades que surgem naturalmente, o que nos dá mais tempo para pensarmos juntos e propor a melhor solução. Nesse projeto, especificamente, não houve nenhuma modificação na solução original apresentada por nós a esses autores, apenas alguns ajustes de dimensionamento. O conceito, entretanto, permaneceu. O caminho foi bem linear.

MDC – Os autores dos projetos tiveram participação no processo de construção/implementação da obra? Se sim, quais os momentos decisivos dessa participação?

G.L. – Sim. Estivemos presentes e participamos do processo de construção da obra desde o início, apesar de não sermos os responsáveis diretos pela obra (essa responsabilidade ficou a cargo da Ampla Engenharia). Entretanto, assumimos o papel de fiscalização e pudemos acompanhar todo o processo, desde o início até a entrega final. Isso é de suma importância, uma vez que mudanças e adaptações são necessárias no decorrer da obra e o fato de estar acompanhando o processo nos permite participar ativamente das decisões, contribuindo para que a obra seja executada sem grandes modificações. Destaco a paginação da pele em tijolos cerâmicos como um ponto fundamental de decisão na obra. Ela foi testada e adaptada após conversas com os engenheiros e pedreiros locais para que a sua execução fosse a mais assertiva possível.

MDC – Você destacaria algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

G.L. – Logo após a inauguração do edifício, as varandas voltadas ao leste, que antes haviam sido fechadas com vidro, tiveram que ser abertas para acomodar um programa maior, voltado ao treinamento funcional, e que demandava uma maior integração interior x exterior. Após sermos chamados, rapidamente propusemos a exclusão da cortina de vidro e integração com o jardim externo, permitindo assim o desenvolvimento das atividades propostas. Outro fato interessante foi a constatação do edifício poder regular a sua temperatura interna apenas através das aberturas das esquadrias e promoção da ventilação cruzada. Isso faz com que o edifício não necessite de ar-condicionado durante boa parte do dia, mesmo estando em um clima semiárido.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, faria algo diferente?

G.L. – Provavelmente sim. A nossa produção depende diretamente das nossas vivências e experiências ao longo dos anos, além é claro do que estamos consumindo de referências no momento em que projetamos. Apesar desse fato, nosso escritório possui diretrizes bem consolidadas, o que faz com que a gente siga uma linha projetual bem definida ao longo desses anos, desde a nossa fundação. O respeito ao local onde a obra está inserida, adaptando-a ao clima, ao bioma, à cultura local e absorvendo mão-de-obra e materiais locais é algo que faz parte da nossa essência e aplicamos em todos os nossos projetos. O partido, entretanto, é natural que sofra adaptações ao longo do tempo.

MDC – Como você contextualiza essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

G.L. – Penso que essa obra contribui muito para o debate acerca da arquitetura contemporânea brasileira, uma vez que foi produzida em uma realidade periférica. O Brasil é um país continental, com uma rica diversidade cultural e condições climáticas bem distintas. O que produzimos fora da capital, no interior do Ceará, na região Nordeste, é bem diferente do que é produzido no eixo Rio-São Paulo ou na região Sul, por exemplo. Enfrentamos um clima mais hostil, com uma certa escassez de recursos e um orçamento limitado, o que não nos impede de produzir uma arquitetura contemporânea, mais adaptada à nossa realidade, a nossa gente. Penso que essa arquitetura produzida no Nordeste brasileiro, não só esse exemplo da Academia Escola Unileão, mas várias outras que estão sendo produzidas, seja no interior ou no litoral, tem muito a contribuir (e acrescentar) para a arquitetura contemporânea brasileira como um todo.


projeto executivo


PLANTAS, CORTES E FACHADA

7 pranchas (pdf).
5,59mb


INTERIORES

10 pranchas (pdf).
3,16mb


DETALHES

4 pranchas (pdf).
15mb


ficha técnica do projeto


Local: Juazeiro do Norte, CE, Brasil
Ano de projeto: 2017
Ano de execução e conclusão da obra: 2018
Área: 965 m²
Autor: Cintia Lins e George Lins
Colaboração: Gabriela Brasileiro, Camila Tavares, Hanna dos Santos, Samuel Melo, Alice Teles e Paula Thiers

Arquitetura: Lins Arquitetos Associados
Construção: Ampla Engenharia

Fotos: Joana França
Contato: contato@linsarquitetos.com.br

galeria


colaboração editorial

Isabela Gomide

deseja citar esse post?

LINS, Cintia. LINS, George. “Academia Escola Unileão”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., mar-2024. Disponível em //www.28ers.com/2024/04/27/academia-escola-unileao/. Acesso em: [incluir data do acesso].


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//28ers.com/2024/03/27/academia-escola-unileao/feed/ 0 16115
Tijolos cer芒micos – mdc . revista de arquitetura e urbanismo //28ers.com/2024/01/21/casa-montes-claros/ //28ers.com/2024/01/21/casa-montes-claros/#comments Sun, 21 Jan 2024 15:06:08 +0000 //28ers.com/?p=14982 Continue lendo ]]> por Venta Arquitetos
8 minutos

Casa Montes Claros (texto fornecido pelos autores)

Montes Claros é uma cidade na região norte do estado de Minas Gerais, com intensa atividade econômica e oferta de serviços, constituindo-se como uma centralidade regional. A cidade é assentada sobre área mais ou menos plana, a 700m acima do nível do mar, e semi-circundada, de sudeste a noroeste, por uma serra que eleva um planalto a 1.000m de altitude.

Fotografias: Federico Cairoli

Esta condição geográfica, de certa planície contida por serras ao redor, estabelece um horizonte distante e limitado, e o limite são estes montes circundantes de suaves contornos.

O lote onde este projeto é construído possui um leve declive na direção de um córrego recentemente urbanizado. Este desnível permite que desde o fundo do lote se tenha uma vista das redondezas. Na fração norte do lote se cultivou, ao longo dos anos, um bosque com muitas árvores frutíferas. Este bosque dá continuidade a uma pequena floresta contígua, da dimensão de um quarteirão, constituindo uma rara área verde.

Fotografias: Federico Cairoli

A implantação da casa atende a uma série de intenções, dentre elas: abrir-se ao nascente e ao poente; buscar no horizonte os limites do território em que se assenta a cidade; e ainda, abrir-se para o bosque ao norte. Estas relações visuais direcionais se estabelecem especialmente no pavimento elevado. Já no pavimento térreo buscou-se uma relação livre e horizontal com o exterior, de tal modo que, caminhando pelo térreo, todo o perímetro do lote pode ser apreendido, com mínimas obstruções. Portanto, se no pavimento elevado o olhar é dirigido para a paisagem ao redor, no térreo ele é disperso, imersivo.

Plantas: implantação, térreo e segundo pavimento

A materialidade da construção também se define em torno da questão da implantação. Sobre este aspecto, o anel elevado em tijolos maciços cerâmicos que envolve todo o pavimento superior que abriga o programa íntimo procura continuar com o chão em terra batida de lotes vizinhos, os muros e seus tijolos à vista, o concreto e o asfalto impregnado pelo barro, e o mar de telhados cerâmicos que recobre o território.

A elevação do anel cerâmico que envolve o pavimento íntimo é resultado de uma operação anterior, a de elevar duas lajes maciças, uma à frente e outra ao fundo, com 6 x 10 m e 3 x 10 m, respectivamente. Enquanto a primeira se apoia sobre um conjunto de elementos em colaboração ?um plano obliquo, uma coluna em concreto, dois troncos de Pau Preto (Cenostigma tocantinum) e um plano em tijolos maciços ?a segunda se apoia sobre uma linha central de colunas em concreto. Entre estas lajes forma-se um pátio.

Fotografias: Federico Cairoli + Cortes e Elevações


Sobre o projeto: Entrevista exclusiva para MDC.

por Gregório Rosenbusch (G.R.)

MDC – Como você contextualiza essa obra no conjunto de toda a sua produção?

G.R. – Este projeto, iniciado em fevereiro de 2017 e situado em Montes Claros (MG), é o primeiro que realizamos fora de Petrópolis (RJ) e tem uma particularidade que gostaríamos de ressaltar em relação aos projetos anteriores, e diz respeito ao fato do terreno possuir topografia relativamente pouco acidentada, em declive. Esta característica nos permitiu pensar um térreo, do ponto de vista conceitual, simultaneamente livre e programado. Em outras palavras, procuramos definir um pavimento térreo habitável no qual os elementos estruturais de elevação do pavimento superior e as áreas livres mantivessem certo protagonismo no conjunto, neste pavimento. Há, portanto, uma distinção aqui em relação à casa Elevada, que possui um térreo com a topografia natural, em aclive, e sem espaços habitáveis. Por outro lado, a introdução do uso no térreo procura ainda manter a ideia de um térreo livre e um volume elevado, de uma distinção entre o que está acima e o que está abaixo. Algo muito singelo e banal na arquitetura, mas que para nós consistiu numa passagem que se deu nesta obra.

MDC – Como foi o mecanismo de contratação do projeto?

G.R. – Este projeto é para um primo-irmão e sua família. Eles haviam iniciado um projeto, mas não estavam satisfeitos e então nos procuraram.

MDC – Como foi a fase de concepção do projeto? Houve grandes inflexões conceituais? Você destacaria algum momento significativo do processo?

G.R. – Este projeto talvez tenha sido o primeiro em que o processo de concepção e desenvolvimento se deu de modo mais linear. Em projetos anteriores, os estudos preliminares variavam em diversas opções e tínhamos muita dificuldade de assentar uma proposta para dar seguimento. Em muitos casos, já na etapa de anteprojeto realizávamos giros radicais nas propostas, o que nos gerava muito retrabalho. Aqui a proposta surgiu a partir de uma pequena maquete conceitual em madeira que de certo modo já esboçava a configuração definitiva do projeto, ainda que de modo conceitual e impreciso.

MDC – Nas etapas de desenvolvimento executivo e elaboração de projetos de engenharia houve participação ativa dos autores? Houve variações de projeto decorrentes da interlocução com esses outros atores que modificaram as soluções originais? Se sim, pode comentar as mais importantes?

G.R. – Neste e em todos os nossos projetos até aqui, colaborou de modo muito significativo o engenheiro Ricardo Barelli. Neste caso, chegamos com uma proposta de estrutura bastante elaborada, com a disposição dos elementos estruturais e um pensamento claro em relação ao caminho das cargas. Foi então crucial, no que diz respeito à estrutura metálica, encontrarmos juntos um desenho de treliça metálica que nos desse o menor peso em aço e que tivesse a melhor interface com alguns aspectos do projeto, especialmente no que diz respeito à relação visual com o exterior. Por outro lado, o trabalho junto ao Barelli e sua equipe foi muito importante na definição de um conceito estrutural presente no pavimento térreo, que trata da diferenciação entre apoios hiperestáticos, em concreto armado e apoios isostáticos, com troncos de árvores e planos de alvenaria portante em tijolos maciços.

MDC – Os autores dos projetos tiveram participação no processo de construção/implementação da obra? Se sim, quais os momentos decisivos dessa participação?

G.R. – Não tivemos participação na implementação da construção, mas tão somente em conversas preliminares de apresentação do projeto à empresa construtora e acompanhamento e monitoramento a partir de visitas técnicas, realizadas em geral a cada dois meses, em virtude a distância desde nossa base (900km).

MDC – Você destacaria algum fato relevante da vida do edifício/espaço livre após a sua construção?

G.R. – Um aspecto que me chama a atenção é o extremo cuidado dos habitantes no cultivo e no cuidado do jardim. Não sei dizer se este apreço por jardim já existia antes desta casa, de qualquer modo agora se apresenta de modo bastante claro. Um aspecto da casa que talvez contribua para isso é a integração dos espaços de convívio com as áreas livres e o jardim. De alguma maneira, o cuidado com a casa e com o jardim são uma coisa só, já que, neste caso, ambos são simultaneamente habitados pois não há como se voltar para um e renegar o outro.

MDC – Se esse mesmo problema de projeto chegasse hoje a suas mãos, faria algo diferente?

G.R. – Para nós a utilização do tijolo maciço nas fachadas do volume elevado era conceitualmente muito importante. De um lado, buscou-se com esse material estabelecer uma relação com o entorno, com a terra e a prolífica produção de artefatos cerâmicos na região. De outro lado, buscávamos suspender, elevar este material telúrico, como quem procura contrariar a sua afeição pelo chão. Ocorre que o trabalho com tijolos maciços é altamente artesanal e nos parece que nas atuais condições materiais de produção da arquitetura no Brasil, este grau de artesanalidade produz certo impacto negativo em relação aos custos de obra. O que de certo modo é positivo, pois significa que o trabalho manual hoje é relativamente mais valorizado que em décadas passadas, apesar do canteiro de obras no Brasil ainda representar, como sabemos, um ambiente de grande exploração do trabalho.

MDC – Como você contextualiza essa obra no panorama da arquitetura contemporânea do seu país?

G.R. – Não estou seguro, mas acredito que esta seja uma obra que aponta para uma certa vontade de aproximação ao contexto latino-americano, especialmente à produção de países do cone sul e, mais especificamente, à do Paraguai. Um indício para isso seria o uso de um sistema estrutural heterodoxo, com elementos variados (concreto armado, aço, paredes portantes, troncos de árvore) e um certo grau de experimentação e invenção com estes elementos, o que me parece orientar-se à produção contemporânea no Paraguai. Por outro lado, a suspensão do volume elevado sobre poucos apoios e a centralidade da estrutura em alguns trechos procuram relação, a partir de nossa interpretação subjetiva, com a produção moderna em São Paulo, a clássica (Paulo Mendes da Rocha) e a contemporânea (Angelo Bucci).


projeto executivo


EXECUTIVO

7 pranchas (pdf).
5,24mb


ficha técnica do projeto

Local: Montes Claros, MG, Brasil
Ano de projeto: 2017
Ano de execução e conclusão da obra: 2021
Área: 240 m²
Autor: Gregório Rosenbuch
Colaboração: Mariana Meneguetti

Arquitetura: Venta Arquitetos
Estrutura: Ricardo Barelli (Teto Engenharia)
Construção: Construtora Aragão

Fotos: Federico Cairoli
Contato: contato@venta.28ers.com


galeria


colaboração editorial

Isabela Gomide

deseja citar esse post?

ROSENBUSCH, Gregório. “Casa Montes Claros”. MDC: Mínimo Denominador Comum, Belo Horizonte, s.n., jan-2024. Disponível em //www.28ers.com/2024/01/21/casa-montes-claros/. Acesso em: [incluir data do acesso].


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//28ers.com/2024/01/21/casa-montes-claros/feed/ 3 14982